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Golpe do bilhete premiado faz novas vítimas em São Paulo e expõe fraude centenária

Crime registrado desde 1900 usa encenação, pressão emocional e falsas confirmações para enganar principalmente idosos e causar prejuízos milionários.
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Câmeras de segurança registraram a atuação de golpistas durante abordagem a vítima em São Paulo (Fantástico/TV Globo). Por: Editorial | 29/12/2025 07:28

O golpe do bilhete premiado, uma das fraudes mais antigas do Brasil, continua fazendo vítimas em São Paulo. Uma investigação do Fantástico mostra como estelionatários modernizaram o esquema, mantendo um roteiro baseado em encenação e manipulação emocional para convencer pessoas a entregar grandes quantias de dinheiro em troca de um prêmio inexistente.

O golpe costuma ser aplicado por pelo menos dois criminosos. Um deles aborda a vítima afirmando possuir um bilhete de loteria supostamente premiado, mas diz não poder receber o valor por motivos religiosos ou éticos. Em seguida, entra em cena um comparsa, que finge ser um desconhecido, demonstra desconfiança inicial e depois “confirma” a veracidade do prêmio, inclusive simulando consultas e ligações para falsas instituições bancárias.

Em São Paulo, câmeras de segurança flagraram a ação dos irmãos Luiz Cláudio dos Santos e Paulo Cézar dos Santos contra um idoso de 88 anos. Paulo alegou ser o dono de um bilhete premiado, enquanto Luiz Cláudio apareceu depois, fingindo ajudar, e simulou uma ligação para uma suposta gerente da Caixa Econômica Federal. Convencido, o idoso entregou R$ 70 mil e recebeu apenas um envelope com papel picado. A vítima relatou que se sentiu completamente dominada pela situação e obedecia a todas as orientações dos golpistas.

Outro caso envolveu uma vítima que chegou a fazer um empréstimo de R$ 100 mil após ser abordada por duas mulheres. Uma delas ameaçou rasgar o bilhete premiado, enquanto a outra se apresentou como psicóloga e reforçou a falsa divisão de um prêmio de R$ 13 milhões. Apesar das desconfianças iniciais, a vítima acabou convencida.

Em São José dos Campos, uma idosa perdeu R$ 3,25 milhões após realizar 14 depósitos ao longo de um mês. Ela utilizou todas as economias de uma vida e ainda contraiu empréstimos bancários antes de perceber que se tratava de um golpe.

Documentos históricos mostram que esse tipo de fraude já era registrado no Brasil em 1900. Mesmo amplamente divulgado, o golpe segue eficaz porque os criminosos escolhem locais próximos a bancos, apresentam boa aparência e miram principalmente idosos. Psicólogos explicam que os estelionatários enfraquecem a capacidade de reação das vítimas por meio de pressão emocional intensa. Após o prejuízo, o sentimento de vergonha costuma impedir denúncias à polícia.

A Polícia Civil identificou uma família especializada nesse tipo de crime, com registros desde 2009. Enquanto Luiz Cláudio e Paulo Cézar estão presos, Viviany Araújo Estaninslau, mulher de Paulo, segue foragida, com prisão decretada. Até dezembro de 2025, o Deic registrou 382 ocorrências do golpe em São Paulo, número que pode ser maior devido à subnotificação.

A Caixa Econômica Federal reforça que não realiza conferência de bilhetes premiados por telefone ou internet, apenas presencialmente nas agências. A Febraban orienta que ninguém entregue dinheiro a desconhecidos e que todos os casos de fraude sejam registrados por meio de boletim de ocorrência. Com informações: g1




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