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Hoje é Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2025.
O caso registrado inicialmente como estupro de vulnerável em Caarapó passou por uma reavaliação após o avanço das investigações da Polícia Civil. De acordo com a apuração mais recente, a principal hipótese é de que a menina de 7 anos, diagnosticada com autismo, tenha sido induzida por familiares a relatar um abuso que não encontra sustentação nos elementos reunidos até o momento.
O delegado titular da Delegacia de Polícia Civil do município, Ciro Carlos Jales Carvalho, informou que novas oitivas alteraram o entendimento inicial do caso. Segundo ele, testemunhas ouvidas posteriormente apresentaram versões divergentes das primeiras informações registradas.
“Desde ontem, estamos ouvindo outras pessoas que estavam próximas ao local e, ao que tudo indica, a criança foi levada a erro e induzida a relatar um suposto abuso ao ser questionada de forma insistente por familiares”, afirmou o delegado.
Com a reanálise dos fatos, o homem de 26 anos que havia sido apontado como suspeito foi liberado. Conforme a autoridade policial, a prisão não se sustentou diante das inconsistências apuradas. “O suspeito foi liberado por diversas razões, entre elas a existência de álibi e a incompatibilidade com as descrições mencionadas inicialmente”, explicou.
As investigações também identificaram fragilidades no relato inicial. O local indicado seria uma área com circulação frequente de pessoas e crianças, o que, segundo a polícia, dificulta a ocorrência do fato conforme descrito. Além disso, não foram encontrados vestígios físicos que corroborassem a denúncia, e os depoimentos apresentaram contradições relevantes.
Outro fator considerado foi a condição do homem inicialmente detido. Ele possui deficiência intelectual, é beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas) e demonstrava estar bastante assustado com a repercussão do caso. Apesar de usar uma camisa de cor semelhante à descrita pela criança, ele foi localizado em outra região da cidade, o que enfraqueceu a associação direta.
Apesar das conclusões preliminares, o delegado afirmou que o caso ainda é tratado com cautela. “Não posso fazer uma declaração formal definitiva neste momento, pois seria prematuro, mas tudo converge para a inexistência de crime”, disse.
Ciro Carlos Jales também destacou a diferença entre a divulgação de um desaparecimento e a atribuição pública de autoria criminal. “A divulgação do desaparecimento foi importante e ajudou a localizar a criança. Já a confirmação de crime e autoria é atribuição da Polícia Civil e, posteriormente, do Poder Judiciário”, ressaltou.
Segundo o delegado, a divulgação precipitada de informações pode causar danos irreparáveis. “Informações divulgadas de forma açodada podem atrapalhar a investigação e gerar injustiças”, afirmou. Ele acrescentou que, a princípio, não há indícios de responsabilização criminal por falsa denúncia, mas eventuais consequências podem ocorrer na esfera cível.
Laudo elaborado por perito oficial também descartou a ocorrência de abuso ou de ato libidinoso, conforme informou a Polícia Civil.
Entenda o caso
Conforme o boletim de ocorrência, a mãe relatou que a criança brincava nas proximidades de casa quando, por volta das 18h, não foi mais encontrada. Pouco tempo depois, a menina foi localizada por um vizinho em uma área de matagal.
Inicialmente, a criança relatou à família e à polícia que teria sido abordada por um desconhecido. Com base nesse relato, a Polícia Militar localizou um homem com características semelhantes às descritas, que chegou a ser reconhecido pela criança em fotografia e conduzido para averiguação.
Após a ampliação das investigações, novos depoimentos, análises técnicas e laudos periciais levaram a Polícia Civil a revisar a versão inicial do caso. Com Imformações Caarapó News
