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Hoje é Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2025.
Campo Grande (MS) – A Capital sul-mato-grossense tem protagonizado um cenário político próprio na corrida pelo Governo do Estado. Pesquisa do Instituto Ranking Brasil Inteligência, divulgada nesta semana, aponta o governador Eduardo Riedel (PP) na liderança isolada entre os eleitores campo-grandenses, com 40% das intenções de voto na modalidade estimulada, consolidando uma vantagem que, segundo analistas, reforça o peso estratégico da cidade na disputa de 2026.

O levantamento, realizado entre 15 e 20 de dezembro, ouviu 1 mil eleitores e foi encomendado pela Rede Top FM (Top FM 104,1 / Rede Top 91,5). A margem de erro é de 3 pontos percentuais (para mais ou para menos), com 95% de confiança. O estudo revela que, quando a disputa é observada apenas sob o recorte da Capital, nomes alinhados ao campo bolsonarista perdem tração, enquanto a oposição petista se fortalece como principal força competitiva.
Nesse contexto, o ex-deputado federal Fábio Trad (PT) aparece em 2º lugar, com 18%, seguido pelo deputado estadual João Henrique Catan (PL), com 14%, primeiro colocado entre os “bolsonaristas raiz”. O deputado federal Marcos Pollon (PL) surge com 3,4%, mas é superado por Delcídio do Amaral (PRD), 6%, e pelo empresário Jaime Valler (sem partido), 4%. Também foram citados Renato Gomes (sem partido), 1,2%, Beto Figueiró (PRD), 1%, e Lucien Rezende (PSOL), 0,4%. Nulos, brancos e indecisos somaram 15%.

Na pesquisa espontânea, quando não há apresentação de nomes, Riedel é novamente o mais lembrado (10%), seguido por Fábio Trad (4,2%) e Rose Modesto (União Brasil), 3,8%. André Puccinelli (MDB) aparece com 1,6%, Capitão Contar, 1,2%, Marquinhos Trad (PDT), 1%, João Henrique Catan, 0,8%, e Marcos Pollon, 0,6%. A maioria esmagadora do eleitorado da Capital, no entanto, ainda não associa a disputa a nenhum nome: 76% declararam nulos, brancos ou indecisos nessa modalidade.
O estudo também mensurou rejeição eleitoral – e o retrato não é menos revelador. O ex-senador Delcídio do Amaral, cassado em 2016, lidera o índice de nomes “em que o eleitor não votaria de jeito nenhum”, citado por 15% dos entrevistados. Em seguida aparecem Fábio Trad (11%) e Lucien Rezende (10%). Riedel, apesar da liderança, registra 8% de rejeição, seguido por João Henrique Catan (6%), Marcos Pollon (5,8%), Beto Figueiró (3,4%), Renato Gomes (2,6%) e Jaime Valler (1,2%). Brancos, nulos ou eleitores que preferiram não opinar somaram 37%.
Outro ponto sensível captado pela pesquisa é o impacto do desgaste político local. A prefeita Adriane Lopes (PP) é reprovada por 87% dos campo-grandenses, fator que cria um paradoxo para Riedel: embora mantenha aprovação elevada na Capital, o governador carrega a marca partidária compartilhada com a prefeita e com a senadora Tereza Cristina (PP).
Mesmo assim, Riedel chega ao fim do ano com trunfos competitivos robustos: o apoio declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o uso estratégico da máquina estadual, que, segundo o estudo, ampliam sua musculatura política na cidade que concentra o maior colégio eleitoral do Estado.
Do outro lado da disputa, Fábio Trad se consolida como a principal aposta do PT para a sucessão estadual, ocupando o espaço de maior antagonista ao projeto do governo e pavimentando articulações para disputar, pela primeira vez, o Executivo estadual com potencial real de avançar a um eventual segundo turno.
Ao olhar apenas para Campo Grande, a pesquisa sinaliza uma cidade que reconfigura a polarização estadual, valoriza candidaturas com apelo institucional (como o ex-presidente da OAB/MS) e impõe desafios a lideranças bolsonaristas que, no interior, aparecem com maior força. A Capital, mais uma vez, se apresenta como o epicentro das disputas narrativas e da engenharia de alianças, antecipando um 2026 que promete ser menos previsível – e mais disputado – do que o mapa político do Estado sugeria até aqui.

