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Hoje é Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2025.
O uso do Mounjaro (tirzepatida), medicamento indicado para o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, tem despertado dúvidas entre mulheres em idade reprodutiva sobre um possível aumento da fertilidade. A questão ganhou destaque após relatos de gestações não planejadas em usuárias do medicamento.
Especialistas explicam que o Mounjaro não é um remédio voltado à fertilidade e não atua diretamente nos ovários. No entanto, seus efeitos indiretos no organismo feminino podem favorecer a gravidez em situações específicas. Segundo a ginecologista e obstetra Paula Fettback, especialista em reprodução humana, a melhora metabólica e a perda de peso promovidas pelo medicamento podem restaurar a ovulação em mulheres com obesidade ou síndrome dos ovários policísticos (SOP).
De acordo com a médica, mulheres com SOP frequentemente apresentam ciclos irregulares e ausência de ovulação devido à resistência à insulina e ao excesso de peso. Estudos indicam que a redução do índice de massa corporal, a melhora da resistência insulínica e o equilíbrio hormonal podem levar à regularização do ciclo menstrual e ao aumento das chances de gravidez natural. Nesses casos, o aumento da fertilidade é consequência da correção metabólica, e não de uma ação direta do medicamento sobre o sistema reprodutivo.
A ginecologista e especialista em reprodução humana Graziela Canheo reforça que o Mounjaro não aumenta a fertilidade por si só. Ela destaca dois fatores que podem explicar gestações durante o uso do medicamento. O primeiro é a possível redução da eficácia do anticoncepcional oral nas fases iniciais do tratamento ou durante o ajuste de dose. O segundo é a melhora do metabolismo e do funcionamento hormonal, que pode tornar o ambiente ovariano e uterino mais favorável à gestação.
Outro ponto de atenção é a interação entre a tirzepatida e os anticoncepcionais orais. Há evidências de que o medicamento pode reduzir a absorção dessas pílulas, elevando o risco de gravidez não planejada. Por isso, órgãos clínicos e especialistas recomendam o uso de métodos contraceptivos adicionais.
A orientação médica é que mulheres que utilizam pílula anticoncepcional e iniciam o uso do Mounjaro conversem com seu ginecologista. As alternativas mais seguras incluem métodos não orais, como DIU, implantes hormonais ou o uso de preservativos, especialmente nas primeiras semanas de tratamento ou durante o ajuste da dose.
Segundo as especialistas, métodos de longa duração, como DIU e implante contraceptivo, não sofrem alteração de eficácia com o uso do medicamento. Para mulheres sem alterações metabólicas ou hormonais, não há evidências de que o Mounjaro aumente diretamente a fertilidade. Com informações: Terra
