| Hoje é Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2025.

A incrível trégua de Natal de 1914 durante a Primeira Guerra Mundial

Em 24 de dezembro de 1914, soldados alemães e britânicos deixaram as trincheiras para cantar, trocar presentes e confraternizar em um raro momento de paz no conflito.
Ampliar
Soldados alemães e britânicos confraternizam durante a trégua de Natal de 1914, na Frente Ocidental da Primeira Guerra Mundial (Foto: Domínio Público via DW). Por: Editorial | 24/12/2025 07:47

Em dezembro de 1914, a Primeira Guerra Mundial completava cinco meses. Milhões de soldados enfrentavam-se nas trincheiras da Frente Ocidental, que se estendia do Canal da Mancha até a fronteira com a Suíça, passando pela Bélgica e pela França. Separados, em alguns pontos, por apenas 30 metros, eles viviam cercados por arame farpado, campos minados, frio intenso, fome, ratos, piolhos e a constante presença da morte.

Em 2014, uma reconstituição de um jogo de futebol por atores vestidos como soldados relembrou a trégua de Natal de 1914. — Foto: Stephanie Lecocq/EPA/dpa/picture alliance via DW

Em 2014, uma reconstituição de um jogo de futebol por atores vestidos como soldados relembrou a trégua de Natal de 1914. (Foto: Stephanie Lecocq/EPA/dpa/picture alliance via DW)

Nos primeiros meses do conflito, centenas de milhares de soldados britânicos, franceses, belgas e alemães já haviam morrido, vítimas de explosões, metralhadoras ou combates corpo a corpo. Muitos haviam partido para a guerra confiantes em uma vitória rápida e acreditavam que estariam de volta para casa no Natal, conforme promessas feitas por líderes políticos e militares. No entanto, a realidade das trincheiras trouxe frustração e desilusão, tornando difícil até mesmo sentir o espírito natalino.

Na noite de 24 de dezembro, algo inesperado aconteceu. Um soldado alemão, próximo à cidade belga de Ypres, começou a cantar “Noite Feliz”. Outros se juntaram a ele. Do lado britânico, a canção foi reconhecida imediatamente, mas despertou desconfiança inicial, pois temia-se uma armadilha. Aos poucos, porém, os soldados passaram a aplaudir e cantar junto. Gritos de “Feliz Natal” ecoaram entre as trincheiras, acompanhados da promessa mútua de não atirar.

Soldados de ambos os lados deixaram suas posições e caminharam até a terra de ninguém, onde apertaram as mãos entre os corpos de companheiros mortos. Cenas semelhantes ocorreram em diversos pontos da Frente Ocidental. Em algumas regiões, como perto de Fleurbaix, soldados alemães colocaram árvores de Natal enfeitadas à beira das trincheiras, iluminadas por velas, em desrespeito às ordens de apagão, mas sem represálias naquele momento.

Naquela noite, milhares de soldados trocaram pequenos presentes, como alimentos típicos de seus países, bebidas e cigarros. Compartilharam histórias, mostraram fotos de familiares e trocaram botões de uniforme como lembrança. Em alguns locais, franceses também participaram, levando garrafas de champanhe. Houve até partidas improvisadas de futebol, com traves marcadas por capacetes e bolas improvisadas ou de couro.

Além da confraternização, a trégua permitiu que soldados enterrassem os corpos de seus companheiros que jaziam na terra de ninguém, em um raro gesto coletivo de humanidade. Apesar disso, o cessar-fogo foi breve. Em algumas áreas, os combates nunca chegaram a parar, e os altos comandos militares condenaram a trégua, considerando-a um ato de indisciplina grave.

Poucos dias depois, a guerra retomou sua brutalidade. A Primeira Guerra Mundial custaria a vida de cerca de 9 milhões de soldados e inúmeros civis. Muitos dos que participaram da trégua não sobreviveram ao conflito. Ainda assim, para aqueles que viveram aquele momento, o Natal de 1914 permaneceu como uma lembrança inesquecível de paz em meio à guerra. Com informações: g1




PORTAL DO CONESUL
NAVIRAÍ MS
CNPJ: 44.118.036/0001-40
E-MAIL: portaldoconesul@hotmail.com
Siga-nos nas redes sociais: