|
Hoje é Terça-feira, 23 de Dezembro de 2025.
Presente em pratos tradicionais da ceia de Natal, como arroz, farofa, panetone e salpicão, a uva-passa divide opiniões e se tornou um dos ingredientes mais controversos dessa época do ano. Apesar da polêmica à mesa, o caminho da fruta até o consumo envolve um processo produtivo complexo e, no Brasil, majoritariamente dependente da importação.
A maior parte da uva-passa consumida no país vem do exterior, pois a produção nacional é reduzida. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o clima brasileiro e os altos custos de desidratação dificultam a fabricação em larga escala. Há apenas pequenas produções artesanais espalhadas pelo país.
O clima ideal para a secagem das uvas é o desértico, caracterizado por temperaturas elevadas e baixa umidade. Embora o Nordeste brasileiro apresente clima seco, a umidade é superior à encontrada em regiões desérticas, o que compromete a eficiência do processo. Além disso, a secagem artificial em fornos exige grande consumo de energia elétrica, encarecendo o produto final.
Entre janeiro e novembro de 2024, o Brasil importou mais de 20,7 mil toneladas de uva-passa, com gasto aproximado de US$ 48 milhões, segundo dados do Ministério da Agricultura. Desse total, mais de 73% teve origem na Argentina, favorecida pela proximidade geográfica e pelas isenções tarifárias do Mercosul. O país vizinho está entre os dez maiores produtores mundiais da fruta desidratada.
Para garantir a qualidade da uva-passa, a colheita deve ser feita no ponto ideal de maturação. Uvas colhidas maduras preservam o sabor doce e as características nutricionais. Após a desidratação, a fruta mantém os mesmos nutrientes da uva fresca, com a diferença da perda de água, chegando a cerca de 33% do peso original.
A secagem pode ocorrer de duas formas principais: ao sol ou em fornos. Na secagem natural, as uvas são espalhadas em plataformas e reviradas periodicamente para garantir desidratação uniforme. Já no processo industrial, as frutas passam por lavagem, tratamento para remoção da oleosidade da casca e, em alguns casos, aplicação de substâncias para fixação da cor antes de seguirem para os fornos.
Apesar das vantagens técnicas da secagem em fornos, como a preservação da cor, o custo elevado da energia elétrica no Brasil torna esse método pouco competitivo. Em países como a Turquia, maior produtora mundial, o clima favorável e a produção em larga escala reduzem significativamente os custos, tornando a uva-passa importada mais barata que a nacional. Com informações: g1
