Hérnia inguinal bilateral: entenda a condição diagnosticada em Bolsonaro e as cirurgias indicadas

A perícia médica realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresenta hérnia inguinal bilateral e necessita de cirurgia para correção do problema. O laudo aponta que, apesar da indicação cirúrgica, não há recomendação de urgência ou emergência para a realização do procedimento.

A hérnia inguinal ocorre quando tecidos do interior do abdômen se projetam por um ponto de fragilidade da parede muscular da região da virilha, formando um abaulamento visível ou palpável. Quando esse quadro aparece nos dois lados do corpo, recebe o nome de hérnia inguinal bilateral. Os sintomas mais comuns incluem inchaço, dor ou desconforto, principalmente ao fazer esforço físico, tossir ou permanecer muito tempo em pé, embora alguns casos possam ser assintomáticos.

Os peritos também analisaram as queixas de soluços persistentes apresentadas por Bolsonaro e consideraram tecnicamente adequado o bloqueio do nervo frênico, procedimento indicado quando os soluços não respondem a tratamentos convencionais e causam impacto clínico relevante. O bloqueio é feito com anestesia local e visa reduzir temporariamente a atividade do nervo responsável pelo controle do diafragma.

Especialistas explicam que a hérnia é resultado de um defeito na parede abdominal, que pode ser congênito ou adquirido ao longo da vida, especialmente após cirurgias abdominais. O abdômen é formado por várias camadas de proteção, incluindo músculos e a aponeurose, uma estrutura rígida que ajuda a conter as vísceras. Quando essas camadas são enfraquecidas por cirurgias prévias, traumas ou processos inflamatórios, aumentam as chances de o intestino encontrar uma abertura e se projetar para fora da cavidade abdominal.

No caso de hérnias mais complexas, como em pacientes que já passaram por múltiplas cirurgias, podem existir aderências internas e fibroses que dificultam o funcionamento normal do intestino. Essas alterações também podem contribuir para outros sintomas digestivos, como refluxo e irritação do diafragma, fatores associados aos episódios de soluço.

A correção da hérnia inguinal pode ser feita por videolaparoscopia ou por cirurgia aberta. Na videolaparoscopia, o cirurgião utiliza uma câmera para acessar a região, reposicionar o intestino e reforçar a parede abdominal com uma tela de malha. Já a cirurgia aberta permite acesso direto à área afetada, sendo indicada em casos mais complexos, com liberação manual das alças intestinais e reforço dos músculos e da aponeurose.

Segundo especialistas, quando não há histórico cirúrgico extenso, o procedimento costuma ser simples, com internação curta e retorno gradual às atividades, respeitando o período de repouso e evitando esforço físico por cerca de 30 dias. No caso do ex-presidente, o histórico de múltiplas intervenções abdominais aumenta a complexidade do quadro, mas não altera a indicação de tratamento cirúrgico eletivo.

Os médicos ressaltam ainda que a hérnia inguinal não tem relação direta com a hérnia de hiato, outra condição apresentada por Bolsonaro. Apesar de ambas envolverem deslocamento de tecidos, elas ocorrem em regiões diferentes do corpo e têm causas e consequências distintas. Com informações: g1