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Sífilis avança no Brasil e preocupa autoridades de saúde, especialmente entre gestantes

Alta taxa de transmissão vertical e falhas no diagnóstico durante o pré-natal mantêm números elevados da doença, segundo dados do Ministério da Saúde.
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Campanhas de prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para conter o avanço da sífilis no Brasil, especialmente entre gestantes (Foto: MS/Divulgação). Por: Editorial | 19/12/2025 15:51

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em outubro deste ano apontam que a sífilis segue em ritmo acelerado de crescimento no Brasil, acompanhando uma tendência mundial. O cenário é ainda mais alarmante entre gestantes: entre 2005 e junho de 2025, foram registrados 810.246 casos da doença em mulheres grávidas no país.

A maior concentração dos diagnósticos está na Região Sudeste, com 45,7% dos casos, seguida pelo Nordeste (21,1%), Sul (14,4%), Norte (10,2%) e Centro-Oeste (8,6%). Em 2024, a taxa nacional de detecção chegou a 35,4 casos por mil nascidos vivos, evidenciando o avanço da transmissão vertical, quando a infecção é passada da mãe para o bebê durante a gestação.

De acordo com a ginecologista Helaine Maria Besteti Pires Mayer Milanez, membro da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o combate à sífilis congênita é um desafio antigo no país. Segundo a especialista, apesar de ser uma doença de diagnóstico simples e tratamento de baixo custo, o Brasil ainda enfrenta dificuldades para reduzir de forma significativa os casos, especialmente entre mulheres jovens e recém-nascidos.

Um dos principais problemas, segundo Helaine, é o subdiagnóstico e a interpretação inadequada dos exames realizados no pré-natal. O teste mais utilizado no Brasil, o VDRL, permite identificar a infecção e acompanhar a resposta ao tratamento, mas pode ser mal interpretado quando associado ao teste treponêmico. “Esse é um grande erro e mantém o ciclo de infecção, afetando a gestante, o parceiro sexual e o feto”, alertou.

Outro fator apontado é o não tratamento adequado dos parceiros sexuais, o que favorece a reinfecção da gestante e aumenta o risco de sífilis congênita. Para a médica, a ocorrência da doença em recém-nascidos é um dos principais indicadores da qualidade da atenção pré-natal.

A especialista também destacou que a maior parte das gestantes infectadas não apresenta sintomas durante a gravidez, o que reforça a importância da correta interpretação dos exames laboratoriais. Atualmente, os grupos mais afetados pela sífilis e pelo HIV no Brasil são jovens entre 15 e 25 anos e pessoas da terceira idade, em razão da redução do uso de métodos de barreira e da falsa sensação de segurança em relação às infecções sexualmente transmissíveis.

Com a proximidade do Carnaval, o risco de contágio aumenta ainda mais. “O abandono dos métodos de barreira tem contribuído para o crescimento das ISTs”, afirmou Helaine, lembrando que a prevenção continua sendo a principal forma de enfrentamento da doença.

A Febrasgo mantém cursos e materiais técnicos voltados à capacitação de profissionais de saúde, além de integrar grupos do Ministério da Saúde que elaboram protocolos clínicos para a prevenção da transmissão vertical da sífilis, HIV e hepatites virais, disponíveis gratuitamente para consulta online. Com informações: Agência Brasil.




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