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Hoje é Sábado, 27 de Dezembro de 2025.
Na zona rural de Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul, a macaúba deixou de ser apenas um fruto típico do Cerrado para se tornar símbolo de transformação social e econômica. A iniciativa nasceu dentro do Programa Jovem Sucessor Rural, do Senar/MS, quando um grupo de universitários passou a enxergar no alimento um potencial capaz de gerar renda, autonomia e novas perspectivas para mulheres do campo.
(Foto: João Carlos Castro)
O projeto foi desenvolvido pelo grupo Guardiões do Cerrado, formado por estudantes universitários que, embora não fossem da área de ciências agrárias, já tinham proximidade com o meio rural por meio de ações da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como o Programa de Capacitação em Empreendedorismo Rural. Convidados pelo Sindicato Rural de Nova Andradina, eles ingressaram no Jovem Sucessor Rural e, ao longo da formação, ampliaram a visão sobre o agronegócio e o desenvolvimento sustentável.
Durante as capacitações, o grupo identificou na macaúba uma oportunidade estratégica. Fruto nativo do Cerrado, rico em nutrientes, livre de glúten e com aproveitamento integral, da casca à amêndoa, a macaúba passou a ser vista como um produto capaz de unir sustentabilidade, saúde e geração de renda. A proposta conquistou o terceiro lugar no programa.
Pé de macaúba (Foto: Michael Franco)
Com o conhecimento adquirido, os jovens decidiram direcionar o projeto para quem já produz no campo. A parceria com a Associação de Mulheres Produtoras do Assentamento Santa Olga fortaleceu uma relação construída em iniciativas anteriores e ganhou novo propósito. A macaúba passou a ser incorporada à produção de pães, bolos, doces e outros produtos artesanais feitos pelas mulheres, agregando valor e ampliando as possibilidades de comercialização, inclusive para mercados institucionais, como a merenda escolar.
O projeto também promoveu a troca de experiências com outras produtoras. Uma agricultora de Aquidauana, que já possui agroindústria de derivados da macaúba, participou de um dia de campo no assentamento, compartilhando técnicas de produção e processamento com as mulheres da comunidade.
Para a associação, a iniciativa representou retomada e fortalecimento. Ideias antes paradas ganharam novo impulso, a produção foi diversificada e o conhecimento técnico trouxe mais autonomia e confiança às produtoras. O impacto foi além da renda, contribuindo para a organização coletiva e para a busca da independência financeira.
Agora, os Guardiões do Cerrado planejam transformar o projeto Macavida em uma startup, com o objetivo de difundir o uso da macaúba em outras regiões do país e posicionar o Cerrado como referência em inovação e sustentabilidade. A experiência mostra como a aproximação entre juventude, conhecimento e comunidades rurais pode transformar realidades e construir legados duradouros. Com informações: FAMASUL
