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Excesso de bebida, limpeza constante e cozinha sem pausa: a rotina dos bares 24 horas em São Paulo

g1 acompanhou uma madrugada inteira em três estabelecimentos tradicionais da capital paulista para entender como funcionam os bares que nunca fecham e quem sustenta a vida noturna da cidade.
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Funcionários realizam a limpeza do salão do Riviera durante a madrugada, enquanto o bar segue em funcionamento (Foto: Luiz Gabriel Franco/g1). Por: Editorial | 19/12/2025 07:20

Enquanto grande parte da cidade dorme, São Paulo mantém uma rotina intensa durante a madrugada. Trabalhadores, estudantes, casais e grupos de amigos seguem ocupando bares que funcionam 24 horas, espaços que resistem mesmo após as mudanças impostas pela pandemia. Para entender como esses locais operam e quem vive essa dinâmica, o g1 acompanhou uma madrugada inteira circulando pelo Riviera Bar, Bar e Lanches Estadão e BH Lanches, três estabelecimentos tradicionais da capital.

A jornada começou por volta das 21h e seguiu até depois das 7h da manhã. O percurso revelou não apenas o público diverso que frequenta esses espaços, mas também a complexa engrenagem de funcionários, turnos, limpeza e controle do consumo de álcool necessária para manter as portas abertas sem interrupção.

No Riviera Bar, na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, o movimento começa ainda no início da noite, com pessoas em encontros ou em um happy hour prolongado. Fundado em 1945, o bar voltou a funcionar em 2013 e adotou o regime 24 horas em 2019. Especializado em coquetelaria, mantém a cozinha aberta o tempo todo e conta com cerca de 60 funcionários fixos, além de freelancers, divididos em turnos que se revezam no salão e na cozinha.

Com o avanço da noite, o perfil dos clientes muda. A partir da meia-noite, o salão superior fica lotado, principalmente por casais em encontros. Já na madrugada, chegam frequentadores vindos de outros bares e baladas, muitos já alcoolizados. Essa característica exige atenção constante da equipe, que precisa lidar com excessos, discussões e, em alguns casos, situações de agressividade.

Para quem trabalha nesse horário, a adaptação vai além da rotina profissional. Garçons, bartenders e cozinheiros relatam mudanças nos hábitos de sono, alimentação e convívio social. Ainda assim, muitos dizem encontrar na noite um senso de pertencimento, criando laços entre colegas e clientes. A convivência entre quem pede um drinque às 4h e quem chega para tomar café da manhã faz parte do cotidiano.

A cozinha do Riviera segue em ritmo contínuo, atendendo tanto a demanda da madrugada quanto a correria do café da manhã dos trabalhadores da região. O funcionamento é organizado em escalas longas, como o sistema 12 por 36, garantindo que nunca falte equipe.

Em contraste, o BH Lanches, na Rua Augusta, apresenta um ambiente mais simples e funcional. Fundado em 1956, mantém a chapa quente durante toda a madrugada, atendendo principalmente trabalhadores noturnos, como seguranças e pessoas de passagem. Após a pandemia, o local passou a fechar apenas aos domingos à noite, retomando o funcionamento na manhã de segunda-feira.

Já o Bar e Lanches Estadão, no Centro, é um dos mais tradicionais da cidade. Inaugurado em 1968, só fecha nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro. Com três turnos de funcionários, o local recebe clientes que buscam o clássico sanduíche de pernil, bebidas baratas ou apenas um ponto de apoio no meio da madrugada. Entregadores, trabalhadores noturnos e frequentadores que estendem a noite fazem parte do público constante.

Mesmo sem fechar, a limpeza é parte essencial da rotina desses bares. No Estadão, áreas internas e externas passam por higienização em horários fixos ao longo do dia. No Riviera, a limpeza é contínua e acontece com o bar em funcionamento, aproveitando os momentos de menor movimento para lavar salões, bar e cozinha.

Nas primeiras horas da manhã, o cansaço é visível entre funcionários e clientes. Ainda assim, alguns insistem em permanecer. Para evitar excessos, o Riviera adota uma estratégia específica: entre 6h e 10h, a venda de bebidas alcoólicas é interrompida. A medida funciona como um filtro natural, ajudando a encerrar a noite e reduzir conflitos.

A rotina dos bares 24 horas revela uma São Paulo que não dorme, sustentada por trabalhadores que trocam o dia pela noite e por clientes que encontram nesses espaços um ponto de encontro, descanso ou transição entre a madrugada e o amanhecer. Com informações: g1




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