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Hoje é Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025.
A CESP (Companhia Energética de São Paulo) iniciou uma nova etapa do trabalho de monitoramento de peixes migratórios na bacia do rio Paraná. A ação prevê a implantação de microchips em até 600 indivíduos de espécies prioritárias, como parte do Programa de Conservação da Biodiversidade da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta (UHE Porto Primavera). O objetivo é compreender com mais precisão o comportamento dessas espécies durante a piracema.
Segundo a companhia, a tecnologia empregada na marcação permite ampliar o acompanhamento dos peixes ao longo do ciclo reprodutivo. “Para termos sucesso na conservação da biodiversidade, precisamos monitorar e estudar as espécies e o bioma no qual elas estão inseridas. As informações obtidas nessa pesquisa são essenciais e irão nortear nossas ações de conservação”, destacou Odemberg Veronez, gerente de Sustentabilidade da CESP.
De 2009 a 2025, a companhia já marcou 8.048 peixes, incluindo atividades no reservatório da usina e em seus principais tributários, como os rios do Peixe, Aguapeí, Verde e Pardo.
Durante o processo, os animais passam por anestesia, medição, pesagem e recebem microchips (PIT tags) e etiquetas externas. Após breve período de recuperação, são devolvidos ao rio. Todo o procedimento segue protocolos rígidos de bem-estar animal.
Entre as espécies monitoradas nesta temporada estão piapara, jurupoca, piauçu, pacu, mandi-amarelo, mandi-paraguaio, barbado, curimba, pintado, peixe-cachorro, dourado, jaú, jurupesen e cascudo-preto — todas migratórias e com reprodução típica do período da piracema, que ocorre entre outubro e fevereiro.
Tecnologia a favor da conservação
Os microchips implantados permitem que a passagem dos peixes seja registrada automaticamente na escada de transposição da UHE Porto Primavera, que possui nove antenas de radiofrequência alimentadas por energia solar. Cada leitura registra espécie, dia, horário e direção do deslocamento.
A escada, com quase meio quilômetro de extensão, foi projetada para simular condições naturais de migração. De acordo com o Programa de Ictiofauna da CESP, todas as 18 espécies migradoras registradas na região utilizam a estrutura durante a piracema, reforçando sua importância para a conectividade ecológica.
Estudos recentes também confirmaram que os peixes podem utilizar a escada tanto para subir quanto para descer o rio — algo registrado pela primeira vez.

Equipe realiza a captura e triagem de peixes para marcação e monitoramento na bacia do rio Paraná (Foto: Divulgação).
Participação da comunidade
Após a piracema, quando a pesca de espécies nativas volta a ser permitida, pescadores e ribeirinhos podem contribuir com o monitoramento ao informar capturas de peixes com etiquetas externas. Os avisos devem ser feitos pelo canal Diálogo Aberto da companhia.
“Essas informações ajudam a entender como as espécies se distribuem pela bacia e se deslocam no reservatório. São dados essenciais para aprimorar as ações de conservação”, reforçou Veronez.
O programa já registrou indivíduos marcados que percorreram mais de 400 quilômetros, utilizando inclusive o sistema de transposição de Itaipu.
Atualmente, o reservatório de Porto Primavera, com 245 quilômetros de extensão, abriga 125 espécies nativas — cerca de 59% de todas as registradas na planície de inundação do alto rio Paraná. Com informações: CESP (Companhia Energética de São Paulo).
