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Hoje é Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2025.
A Argentina, um dos maiores fornecedores globais de alimentos, avança em um plano de privatização e modernização de sua malha ferroviária com o objetivo de impulsionar a exportação de grãos e minerais. A iniciativa, que integra o programa do presidente Javier Milei para transferir estatais deficitárias ao setor privado e atrair novos investimentos, prevê lançar no início do próximo ano a licitação da rede Belgrano Cargas, responsável pelas três principais linhas de transporte de carga do país.
A expectativa de representantes do setor é que a modernização reduza pela metade os custos logísticos de regiões mais distantes dos portos, destravando a competitividade de produtos como soja, milho, cobre e lítio, além de facilitar o envio de areia para Vaca Muerta, área estratégica de exploração de xisto no sudoeste argentino.
Segundo Alejandro Núñez, presidente da estatal Belgrano Cargas y Logística, o volume de cargas transportado atualmente é inferior ao registrado em 1970, apesar de a produção agrícola ter crescido quase seis vezes. A rede ferroviária soma cerca de 8 mil quilômetros e movimenta aproximadamente 7,5 milhões de toneladas por ano, 60% delas relacionadas ao agronegócio. Trilhos deteriorados, descarrilamentos frequentes e risco de roubos prejudicam a eficiência do sistema.
Além da Belgrano Cargas, outros 11 mil quilômetros de linhas hoje fora de operação serão colocados em licitação. Atualmente, apenas 5% das cargas do país são transportadas por trem, índice bem inferior aos 20% registrados no Brasil e aos mais de 40% dos Estados Unidos e do Canadá.
O governo considera fundamental melhorar a logística ferroviária para alcançar a meta de elevar as exportações anuais para US$ 100 bilhões em sete anos. Entre os gargalos logísticos, destaca-se o custo elevado para transportar grãos de regiões como a província de Salta até os portos de Rosário, chegando a superar o valor necessário para enviar a mesma carga de Rosário ao Vietnã, segundo Gustavo Idígoras, presidente da câmara de exportação CIARA-CEC.
O investimento necessário para modernizar a infraestrutura pode ultrapassar US$ 800 milhões, de acordo com Núñez. Grupos privados já manifestaram interesse, entre eles o Grupo México Transportes (GMXT), que pode destinar US$ 3 bilhões caso vença a licitação, e um consórcio formado por empresas do agronegócio, além da mineradora Rio Tinto.
Especialistas avaliam que a redução dos custos de frete pode ampliar a produção agrícola no norte argentino, já que grande parte das fazendas está localizada a mais de 300 quilômetros da região portuária de Rosário. Para o setor de mineração, que inclui projetos de cobre e forte presença na produção mundial de lítio, a modernização também é considerada estratégica. Com informações: Forbes
