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Hoje é Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025.
Goiânia, capital mais populosa e detentora do maior PIB do Centro-Oeste — exceto Brasília — tornou-se um dos novos epicentros do consumo de luxo no Brasil. Grifes internacionais, concessionárias de Ferrari e Porsche, serviços de aviação executiva e apartamentos milionários já fazem parte do cotidiano da cidade, reflexo direto da pujança do agronegócio na região.
A ascensão econômica criou até uma estética própria, apelidada de “arquitetura greco-goiana”, marcada por colunas, frontões neoclássicos e portas de grande escala. Essa nova imagem ganhou projeção nacional com o reality show “Poderosas do Cerrado”, do Globoplay e GNT, que acompanha seis mulheres ligadas ao agro, ao mercado de luxo e ao universo das influenciadoras digitais. O programa destaca a convivência entre simplicidade interiorana e ostentação, refletida no estilo de vida da elite local.
O fortalecimento desse mercado também atraiu grifes como Chanel, Gucci e Louis Vuitton, instaladas no Shopping Flamboyant. Para personal stylists, como Keila Moura, o aumento da procura por consultorias de imagem acompanha o crescimento do poder aquisitivo e uma maior sensação de segurança para o uso de itens de luxo na cidade.
Essa movimentação se reflete também no segmento automotivo. Em Goiânia, as caminhonetes tradicionais do agro cedem espaço a esportivos como Porsche e Ferrari, com concessionárias registrando vendas que ultrapassam a casa dos milhões. Encontros de proprietários, clubes exclusivos e veículos avaliados em até R$ 8 milhões indicam um mercado altamente aquecido.
O setor aéreo acompanha essa expansão. O Centro-Oeste concentra 27% dos jatos do país, e Goiás registra aumento significativo na demanda por fretamentos executivos, voltados principalmente a empresários e produtores rurais que buscam flexibilidade de rotas e horários. Empresas de táxi aéreo ampliaram operações na região, oferecendo voos nacionais e internacionais que podem custar até R$ 1 milhão.
O mercado imobiliário local também vive uma fase de valorização recorde. Goiânia já figura como o terceiro maior mercado do país em novos lançamentos, com destaque para empreendimentos de alto padrão como o Epic City Home, prédio com unidades entre 330 m² e 880 m², avaliadas entre R$ 5 milhões e R$ 13 milhões. Paralelamente, fazendas no interior do estado ultrapassam R$ 100 milhões em valor.
Especialistas apontam o crescimento populacional, a expansão econômica e o metro quadrado ainda mais barato que o de outras capitais como fatores decisivos para a escalada do setor imobiliário. Dados do IBGE mostram que o Centro-Oeste foi a região que mais cresceu em população e PIB nas últimas décadas, com destaque para o eixo Brasília–Goiânia, onde municípios como Senador Canedo registram forte aumento populacional.
Apesar do avanço, a desigualdade social permanece um desafio. No Mapa da Desigualdade entre as Capitais, Goiânia ocupa a nona posição entre as menos desiguais, mas ainda mostra contrastes marcantes entre condomínios fechados e áreas mais vulneráveis. A elite local, muitas vezes concentrada em residências de estética americanizada e fortemente monitoradas, mantém um estilo de vida voltado ao consumo e ao status simbólico ligado ao agronegócio.
Para muitas famílias, a prosperidade é apresentada como resultado do “trabalho duro” no campo, ainda que o estilo de vida atual passe por carros esportivos, viagens internacionais e joias. O reality "Poderosas do Cerrado" sintetiza essa dualidade na frase repetida por suas protagonistas: “nóis é jeca, mas é joia”. Com informações: g1
