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Hoje é Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2025.
A evolução recente da inteligência artificial tem se concentrado principalmente em ferramentas que operam na tela, como chatbots e assistentes de texto. No entanto, para Fei-Fei Li, professora de Stanford e referência mundial na área, o próximo salto tecnológico ocorrerá fora do ambiente digital. Segundo ela, a IA que definirá a próxima década será aquela capaz de perceber e interagir com o mundo físico. Esse conceito, chamado de “inteligência espacial”, é a base da nova venture que lidera, a World Labs.
A proposta da empresa é desenvolver modelos que entendem objetos, movimento, profundidade e relações de causa e efeito, simulando ambientes reais com alto grau de consistência física. A iniciativa é construída ao lado dos cofundadores Justin Johnson, Christoph Lassner e Ben Mildenhall, todos nomes reconhecidos no setor de tecnologia. O primeiro produto da companhia, o Marble, permite gerar ambientes tridimensionais exploráveis a partir de descrições curtas, sinalizando o potencial de uma IA capaz de prever cenários e coordenar ações em tempo real.
Enquanto modelos de linguagem dominam o mercado atual, Fei-Fei Li argumenta que a maior parte da economia mundial funciona em espaços que dependem de fatores que a linguagem não captura, como dinâmica, incerteza e limitações físicas. Modelos de mundo, treinados com vídeos, imagens e dados tridimensionais, oferecem às máquinas uma compreensão mais próxima da humana ao preservar relações espaciais reais em vez de convertê-las para representações bidimensionais.
Essa tecnologia promete transformar diversos setores. Indústrias poderão testar redesenhos de linhas de produção antes de alterar máquinas. Operadores logísticos terão meios de simular fluxos de transporte. Hospitais poderão prever gargalos e reorganizar equipes com antecedência. Em ambientes de construção, será possível avaliar variações de design sem desperdício de materiais. A tomada de decisão passa a ser mais planejada e menos reativa, com menos custos e riscos.
A inteligência espacial também impulsiona a chamada IA incorporada, que orienta robôs, drones e sistemas autônomos. Em vez de depender de treinamentos extensos no mundo real, essas máquinas poderão aprender milhares de horas em ambientes virtuais consistentes e fisicamente corretos. O Marble já demonstra esse avanço ao criar cenários tridimensionais em poucas horas, permitindo testes de estratégias, operações e medidas de segurança antes que qualquer ação seja executada fisicamente.
Para Fei-Fei Li, o avanço tecnológico deve estar alinhado ao benefício humano. Ela afirma que o valor da inteligência artificial cresce na mesma proporção de seu alcance e impacto, exigindo cuidado, responsabilidade e propósito. Segundo a cientista, o futuro da IA não será moldado pela expansão de modelos cada vez maiores, mas por lideranças capazes de direcionar a tecnologia para resolver desafios reais. A inteligência espacial, nesse contexto, surge como uma ponte entre planejamento digital e execução física, com potencial para redefinir a forma como a sociedade projeta, constrói e opera suas estruturas. Com informações: Forbes
