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Hoje é Quinta-feira, 27 de Novembro de 2025.
A ex-primeira-ministra de Bangladesh foi condenada à morte nesta segunda-feira, 17 de novembro, por crimes contra a humanidade. O tribunal que julga crimes de guerra no país a considerou culpada de ordenar uma repressão violenta a manifestações estudantis ocorridas entre julho e agosto de 2024, que deixaram mais de mil mortos e milhares de feridos, segundo a Organização das Nações Unidas.
O veredito foi anunciado em Daca sob forte esquema de segurança e sem a presença da ex-líder, que fugiu para a Índia em agosto de 2024. Ela ainda pode recorrer à Suprema Corte. Após a sentença, o governo de Bangladesh solicitou formalmente sua extradição.
Durante o julgamento, promotores afirmaram ter encontrado evidências de que ela ordenou o uso de força letal contra manifestantes que protestavam contra o sistema de cotas do governo, que reservava um terço das vagas do serviço público a parentes de veteranos da guerra de independência. Os episódios configuraram o maior surto de violência no país desde 1971.
A ex-primeira-ministra rejeitou a decisão, chamando-a de enviesada e politicamente motivada. Ela declarou que seu governo perdeu o controle da situação durante os protestos, mas afirmou não ter havido intenção deliberada de atacar cidadãos. Segundo ela, o julgamento não garantiu ampla defesa, e sua equipe pretende contestar as acusações em um tribunal que considere imparcial.
Representada por um defensor público nomeado pelo Estado, sua defesa argumentou que as acusações eram infundadas. A sentença ocorre pouco antes das eleições parlamentares previstas para fevereiro, das quais o partido dela está impedido de participar, o que aumenta o temor de novos protestos.
A ex-primeira-ministra governou Bangladesh de 2009 até sua queda em 2024. Sua gestão, inicialmente marcada por avanços econômicos e crescimento do setor têxtil, passou a ser criticada por prisões de opositores, restrições à liberdade de expressão e denúncias de execuções extrajudiciais. Desde sua fuga, o país é governado por uma administração interina liderada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus.
Os protestos de 2024 tiveram início após a implementação do sistema de cotas considerado discriminatório por estudantes. Segundo a ONU, até 1.400 pessoas podem ter sido mortas entre 15 de julho e 5 de agosto daquele ano, a maioria por disparos das forças de segurança. Com informações: g1
