Proclamação da República completa 136 anos neste 15 de Novembro

O feriado nacional deste sábado, 15 de novembro de 2025, marca os 136 anos da Proclamação da República. A data remete ao dia em que o Brasil deixou de ser uma monarquia e adotou oficialmente o regime republicano, após a promulgação do “Decreto 1” em 1889. A mudança ocorreu um ano e meio após a abolição da escravatura.

Naquele 15 de novembro, o marechal Deodoro da Fonseca saiu de sua residência no centro do Rio de Janeiro acompanhado por uma tropa de cerca de mil militares para anunciar o novo regime político. Para parte dos historiadores, o episódio foi mais uma aclamação do que uma proclamação, dado o baixo nível de resistência da monarquia.

A família imperial recebeu prazo para deixar o país, e Dom Pedro II registrou em carta que partia “cedendo ao Império das circunstâncias”, desejando prosperidade ao Brasil. Desde então, a República atravessou momentos decisivos para a construção da democracia, como o movimento Diretas Já, em 1985, e a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Apesar disso, estudiosos afirmam que a República nasceu excludente, voltada aos interesses da elite agrária e militar que liderou a transição. Grupos como pobres, negros, indígenas e mulheres foram deixados à margem das decisões políticas no fim do século 19 e início do 20. O historiador Vantuil Pereira destaca que o projeto republicano original não contemplava uma democratização ampla, mantendo estruturas de poder semelhantes às do período monárquico.

Nas décadas seguintes, dispositivos legais reforçaram desigualdades, como a proibição do voto aos analfabetos, que atingia especialmente ex-escravizados, além da criminalização da vadiagem e da perseguição a práticas culturais, como a capoeira. Para a historiadora Camilla Fogaça, a exclusão também se estendeu às mulheres, que só conquistaram o direito ao voto na década de 1930, ainda sob forte limitação social.

Passados 136 anos, a Proclamação da República é vista como data simbólica para analisar os desafios ainda presentes no país. Especialistas apontam a necessidade de transformar o sistema de justiça, combater desigualdades raciais, ampliar o acesso à educação e garantir maior representatividade de pessoas negras nos espaços de poder. Com informações: Diário Digital