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Hoje é Domingo, 07 de Dezembro de 2025.
Apesar da recomendação de eutanásia após um atropelamento, Márcia Maria do Nascimento, de 63 anos, não desistiu do companheiro de quatro patas. Com 12 anos, Juca, um vira-lata nascido em 23 de maio de 2013, segue cheio de vida mesmo com as limitações físicas deixadas pelo acidente.
“Ele é uma missão para mim”, resume Márcia, que há mais de uma década divide com o cão uma história de amor, superação e companheirismo. Desde a infância, ela sempre teve afinidade com os animais, convivendo com cães, gatos e até papagaios. O vínculo com Juca começou logo após a morte de outro grande amigo, Pingo, que viveu por 11 anos.
“Eu estava triste, e uma amiga que tinha vários filhotes me ofereceu o Juca. Ele era o mais feinho, o mais pequenininho e quietinho. Veio pra casa e, desde então, vivemos todos os momentos juntos, os bons e os ruins”, conta Márcia.
Há cerca de cinco anos, pouco antes da pandemia, um acidente mudou a rotina da família. Ao abrir o portão de casa, Márcia viu o cachorro correr para a rua — algo que ele nunca fazia. “A rua é super tranquila, quase não passa carro, mas naquele dia uma motorista veio em alta velocidade e atropelou ele. Foi um desespero”, relembra.
Juca em diferentes momentos dos 12 anos de vida (Foto: Arquivo Pessoal)
O impacto foi tão grave que Juca precisou passar por cirurgia na coluna e meses de fisioterapia aquática. Mesmo assim, o prognóstico médico não era otimista. “O médico disse que ele não tinha mais jeito, que não voltaria a andar. Chegaram a recomendar a eutanásia, mas eu jamais faria isso. Como você cria um filho e depois decide que vai acabar com a vida dele? Não pode”, afirma.
Foram três meses de luta até o diagnóstico definitivo: Juca ficaria com sequelas permanentes, mas poderia manter uma vida com qualidade. Desde então, ele toma medicamentos controlados e faz caminhadas diárias com ajuda da tutora.
“Ele é um cachorrinho com deficiência, usa fralda, tem cadeirinha de rodas e precisa de cuidados o tempo todo. Mas ele é muito ativo, bravo, esperto. Velhinho, mas danado”, brinca Márcia.
A rotina da casa gira em torno dos cuidados com o pet. As trocas de fraldas acontecem três vezes por dia, sempre acompanhadas de limpeza e pomada para evitar assaduras. As viagens exigem planejamento e, quando necessário, o cão fica em uma clínica amiga ou sob os cuidados da filha de Márcia.
“Não é fácil. É trabalhoso e tem custo. Muita gente opta pela eutanásia por não querer assumir tudo isso, mas penso que ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém. Eu acredito que o Juca é uma missão pra mim, e eu tô bem com isso”, diz.
Hoje, Juca divide o lar com Kika, uma gata de 15 anos. Para Márcia, os dois são parte essencial da família. “O Juca representa amor, companheirismo e bondade. Ele me ensina todos os dias que vale a pena insistir”, resume.
Apesar de todas as dificuldades, Márcia garante que ver o cãozinho feliz é a maior recompensa. “Ele não anda mais como antes, mas vive feliz. E é isso o que importa”, conclui. Com informações: Campo Grande News
