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Hoje é Quinta-feira, 27 de Novembro de 2025.
Um episódio de xenofobia em plena luz do dia, nas ruas de Dublin, capital da Irlanda, chocou a comunidade brasileira no país. O caso foi registrado em vídeo e mostra uma irlandesa gritando ofensas contra a cabeleireira Lays Mendes, que vive no país há oito anos.
“Vocês são assassinos, têm que voltar para o seu país. Queremos vocês fora da Irlanda. Vocês matam nossas crianças. Você é odiosa!”, grita a mulher, mesmo percebendo que está sendo filmada.
O vídeo, divulgado nesta quinta-feira (23), mostra o momento em que Lays tenta dialogar com a agressora, mas é novamente insultada. Em entrevista ao g1, ela contou que o episódio não é isolado — e que vem sendo alvo de ataques semelhantes quase todos os dias desde julho.
Lays é proprietária de um salão de beleza na cidade, e afirma que a mesma mulher costuma passar em frente ao local para ofendê-la verbalmente.
“Depois do primeiro episódio, fui até a polícia, expliquei o que tinha acontecido, mostrei o vídeo e tudo. Mas me disseram que não havia nada a ser feito. Aqui não tem uma lei que nos proteja de verdade. Se alguém te xinga, recebe só um aviso”, lamentou.
A brasileira disse ainda que tem medo de ser agredida fisicamente e teme pela segurança dos filhos, de 6 e 11 anos.
“Mesmo que ela tenha algum distúrbio mental, ela é um problema do Estado, não meu. Estou no meu local de trabalho, e ela passa me ofendendo, me agredindo verbalmente. É um passo para a agressão física. Tenho medo. Penso no futuro, na minha família, nos meus amigos. Que proteção a gente tem para ir e vir?”, desabafa.
O caso ganhou repercussão internacional após ser divulgado pela BBC News Brasil, que informou ter procurado o Departamento de Justiça, Assuntos Internos e Imigração da Irlanda. Em nota, o órgão declarou que o governo está “determinado a erradicar crimes motivados por ódio e proteger comunidades vulneráveis”.
A Irlanda aprovou em 2024 uma nova lei contra crimes de ódio, que entrou em vigor neste ano e prevê penas mais severas para delitos motivados por racismo, xenofobia, homofobia ou qualquer forma de discriminação baseada na identidade da vítima.
O governo também destacou a existência do Plano Nacional de Ação Contra o Racismo, que busca fortalecer políticas públicas e o combate institucional à discriminação.
