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Netflix registra impacto bilionário por disputa tributária no Brasil

Empresa apontou que um processo tributário em andamento no país a obrigou a registrar uma despesa de US$ 619 milhões, o que reduziu o lucro global e derrubou ações na Bolsa.
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A Netflix atribuiu queda nos lucros a disputa tributária relacionada à cobrança da Cide no Brasil (Foto: Divulgação/Netflix) Por: Editorial | 23/10/2025 14:57

A Netflix revelou que uma disputa tributária no Brasil provocou um impacto bilionário em seu balanço financeiro referente ao terceiro trimestre de 2025. Segundo a companhia, a questão levou à provisão de US$ 619 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões), reduzindo significativamente o lucro global e contribuindo para a queda das ações na Bolsa.

O lucro líquido mundial da plataforma entre julho e setembro foi de US$ 2,5 bilhões, abaixo da expectativa de US$ 3 bilhões dos analistas de mercado. Com isso, o valor de mercado da empresa caiu de US$ 527 bilhões (R$ 2,8 trilhões) para US$ 494 bilhões (R$ 2,6 trilhões).


Entenda o caso

A despesa está relacionada à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), um tributo federal usado para financiar políticas públicas e regular setores estratégicos da economia.

No caso da Netflix, o impasse envolve a Cide-Tecnologia, também chamada de Cide-Royalties, que incide sobre pagamentos feitos ao exterior por uso de tecnologia, licenças e serviços digitais.

A cobrança ganhou força após o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar, em agosto deste ano, a constitucionalidade da Cide sobre remessas internacionais, ampliando o alcance da taxa para contratos administrativos, de software e direitos autorais.

“O impacto acumulado dessa despesa reduziu nossa margem operacional em mais de cinco pontos percentuais no terceiro trimestre”, informou a Netflix no relatório financeiro.


A decisão do STF

Por 6 votos a 5, o STF manteve a cobrança da Cide, com voto decisivo do ministro Flávio Dino, contrariando o relator original, Luiz Fux, que defendia uma interpretação mais restrita do imposto.

A decisão tem repercussão geral, ou seja, deve ser seguida por todas as instâncias da Justiça, impactando empresas de tecnologia e streaming que operam no Brasil, como Disney+, Prime Video, HBO Max e Spotify.

Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o tributo é uma das principais fontes de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), responsável por 74% do financiamento da pesquisa e inovação no país.


Efeitos para o setor

Especialistas alertam que a decisão do Supremo deve elevar custos operacionais e até encarecer assinaturas de streaming no Brasil.

“Empresas que não estavam tributando a Cide podem ser obrigadas a reconhecer dívidas e provisionar valores bilionários. Esse custo pode ser repassado ao consumidor”, explica a advogada tributarista Flávia Holanda Gaeta.

Para Luísa Macário, também especialista em direito tributário, o impacto tende a ser duradouro:

“Mesmo sem desembolso imediato, as empresas precisam constituir provisões para litígios fiscais, o que afeta diretamente o lucro líquido reportado aos acionistas.”

Ela acrescenta que a complexidade tributária brasileira é um dos principais desafios do setor digital e que a Reforma Tributária pode elevar ainda mais a carga sobre serviços de streaming, passando de 14% para até 25%.


Posição da Netflix

O vice-presidente financeiro da empresa, Spencer Neumann, afirmou que a cobrança da Cide é “única no mundo” e que a companhia já havia obtido decisão favorável em instância inferior em 2022.

“Nenhum outro país em que operamos tem um imposto que se comporte dessa forma”, declarou Neumann.

A Strima, associação que representa serviços de streaming no Brasil, como Disney, Globo, HBO, Netflix e Amazon, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Com informações: g1




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