|
Hoje é Sexta-feira, 24 de Outubro de 2025.
A China ultrapassou os Estados Unidos e voltou a ser o maior parceiro comercial da Alemanha nos primeiros oito meses de 2025, segundo dados preliminares divulgados pelo escritório de estatísticas alemão e compilados pela Reuters.
De janeiro a agosto, o comércio total entre Alemanha e China — somando exportações e importações — atingiu €163,4 bilhões, enquanto o volume com os Estados Unidos ficou ligeiramente abaixo, em €162,8 bilhões.
O movimento reverte a tendência observada em 2024, quando os EUA haviam assumido o posto de principal parceiro comercial da Alemanha, encerrando uma sequência de oito anos de liderança chinesa.
A mudança ocorre em meio à retomada de políticas tarifárias mais rígidas por parte do governo dos Estados Unidos, após o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
As exportações alemãs para os EUA caíram 7,4% entre janeiro e agosto em relação ao mesmo período de 2024, totalizando €99,6 bilhões. Em agosto, a queda chegou a 23,5% na comparação anual, reforçando a desaceleração do comércio bilateral.
“Não há dúvida de que a política tarifária e comercial dos EUA é uma razão importante para o declínio nas vendas”, afirmou Dirk Jandura, presidente da Associação Alemã de Comércio Exterior (BGA).
Jandura explicou que a demanda americana por produtos tradicionais da indústria alemã, como automóveis, maquinário e produtos químicos, tem diminuído.
O economista Carsten Brzeski, chefe global de macroeconomia do ING, acrescentou que, com a ameaça de novas tarifas e a valorização do euro, as exportações alemãs para os EUA dificilmente se recuperarão no curto prazo.
Embora as exportações da Alemanha para a China também tenham recuado — 13,5% nos primeiros oito meses de 2025, para €54,7 bilhões —, o crescimento das importações chinesas compensou o movimento.
As importações da China aumentaram 8,3%, alcançando €108,8 bilhões, o que explica o avanço do país asiático no balanço total do comércio.
“O novo boom de importações da China é preocupante”, avaliou Brzeski. “Os dados mostram que muitas dessas importações estão sendo realizadas a preços de dumping, o que eleva a dependência alemã e pressiona setores estratégicos em que a China se tornou um competidor direto.”
O economista Salomon Fiedler, do banco Berenberg, observou que, diante da fraqueza econômica interna da Alemanha, o país tende a ficar mais vulnerável às oscilações do comércio global.
“Sem dinamismo doméstico, qualquer mudança nos mercados mundiais pode gerar preocupação adicional entre empresas e investidores alemães”, afirmou Fiedler.
Com informações: IstoÉDinheiro
