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Hoje é Sexta-feira, 24 de Outubro de 2025.
Uma brasileira de 35 anos está presa no Camboja desde março de 2025, acusada de tráfico de drogas. Natural de Minas Gerais e moradora de João Pessoa (PB), ela viajou ao país asiático no início do ano em busca de uma oportunidade de trabalho na área de telemarketing. A família afirma que a mulher foi vítima de tráfico humano e que as drogas encontradas no local foram plantadas para incriminá-la.
De acordo com a legislação cambojana, o crime de tráfico de drogas pode resultar em penas de 2 a 20 anos de prisão, dependendo das circunstâncias e da quantidade apreendida. O julgamento está previsto para esta quinta-feira (23).
A brasileira deixou a Paraíba no fim de janeiro de 2025, após encontrar uma vaga de emprego em um site internacional. A oferta prometia contrato temporário no setor de telemarketing em Phnom Penh, capital do Camboja. Mesmo com a preocupação dos parentes, ela decidiu embarcar acreditando que se tratava de uma oportunidade legítima.
Nos primeiros meses, a comunicação com a família era frequente, mas em março começaram a chegar mensagens suspeitas, enviadas de sua conta pessoal, pedindo dinheiro para o pagamento de uma suposta multa contratual. A quantia de cerca de R$ 27 mil (US$ 4 mil) foi enviada, mas logo os familiares perceberam que se tratava de um golpe.
Pouco tempo depois, ela conseguiu entrar em contato com a mãe por telefone, informando que havia sido presa sob acusação de tráfico de drogas. Segundo relatou, três cápsulas com entorpecentes foram encontradas no banheiro do apartamento onde morava, mas ela nega qualquer envolvimento. A família afirma que ela nunca teve acesso a um exame toxicológico e acredita que as drogas foram colocadas no local após a recusa da brasileira em participar de um esquema de golpes pela internet.
De acordo com juristas e organizações internacionais, o caso apresenta características de tráfico de pessoas. O Brasil, signatário do Protocolo de Palermo (ratificado em 2004 pelo Decreto nº 5.017), compromete-se a prevenir, reprimir e punir o tráfico de pessoas, especialmente de mulheres e crianças.
O documento, adotado pela ONU, determina que o consentimento da vítima é irrelevante se obtido por fraude, coação ou abuso de poder — o que significa que, mesmo tendo aceitado o trabalho, ela pode ser considerada vítima se tiver sido enganada sobre as condições reais da oferta.
A Lei de Controle de Drogas do Camboja (2012) prevê penas diferentes conforme o tipo de crime:
Tráfico de drogas: 2 a 20 anos de prisão;
Posse de drogas: 2 a 5 anos (até 10 em caso de reincidência);
Consumo de drogas: 1 a 6 meses (até 1 ano em reincidência).
Um relatório da Anistia Internacional aponta que o Camboja adota políticas de repressão severas no combate às drogas, frequentemente associadas a prisões arbitrárias, superlotação carcerária e denúncias de tortura. O documento destaca que estrangeiros e pessoas em situação de vulnerabilidade são os mais atingidos pelas medidas.
Segundo a família, a brasileira está em uma cela superlotada, com cerca de 90 mulheres, e enfrenta problemas de saúde devido às condições precárias de alimentação e higiene.
O Camboja, país com cerca de 17 milhões de habitantes, é uma monarquia constitucional parlamentarista. Embora tenha um rei, Norodom Sihamoni, o poder político é concentrado no primeiro-ministro Hun Manet, que sucedeu o pai, Hun Sen, após quatro décadas de governo marcado por repressão e denúncias de violações de direitos humanos.
Relatórios internacionais indicam que a política antidrogas do país contribui para prisões em massa e violações sistemáticas de direitos fundamentais. Com informações: g1
