|
Hoje é Segunda-feira, 15 de Dezembro de 2025.
A presença de micro e nanoplásticos no meio ambiente e no corpo humano já foi comprovada, embora os possíveis efeitos à saúde ainda estejam em estudo. É o que aponta uma pesquisa conduzida por dez cientistas das universidades Federal Fluminense (UFF), Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Os pesquisadores analisaram 140 estudos de diversos países, incluindo o Brasil. De acordo com o professor do Instituto de Química da UFF, Vitor Ferreira, os danos do plástico ao meio ambiente são investigados desde a década de 1940, mas a atenção para micropartículas e nanopartículas só aumentou nos últimos dez anos.
“Os plásticos não são biodegradáveis e se quebram em micro e nanoplásticos, que ficam na água, no solo e no ar, entrando na cadeia alimentar. Até a água que bebemos contém essas partículas”, explica Ferreira.
Alimentos como açúcar, sal e mel já apresentaram microplásticos, assim como peixes e frutos do mar, que transferem essas partículas aos seres humanos. Animais contaminados foram encontrados da Amazônia ao Rio Grande do Sul, e a exposição ocorre também pela respiração e pela absorção pela pele.
Estima-se que uma pessoa consuma entre 39 mil e 52 mil microplásticos por ano, número que sobe para 121 mil ao incluir a inalação. Consumidores de água engarrafada podem ingerir quase 90 mil microplásticos a mais. Os pesquisadores alertam que essas estimativas podem ser subestimadas devido às dificuldades de detecção dos nanoplásticos.
As partículas podem se acumular nos pulmões, boca, corrente sanguínea e diversos órgãos. Estudos recentes detectaram microplásticos em placentas e cordões umbilicais, indicando que fetos também podem ser expostos.
O próximo passo da pesquisa é estabelecer a relação de causa e efeito entre a contaminação e problemas de saúde. “Um estudo clínico detectou microplásticos em 60% dos coágulos arteriais analisados, mas é preciso avançar para comprovar a ligação com doenças”, afirma Ferreira.
O pesquisador destaca que os plásticos abrangem diversos polímeros sintéticos, produzidos majoritariamente a partir do petróleo e presentes não apenas em embalagens, mas também em pneus e roupas. Ele defende medidas urgentes, como ampliar a reciclagem, e lembra que negociações internacionais para reduzir a poluição plástica, promovidas pela ONU desde 2022, já foram adiadas duas vezes. Com informações: Agência Brasil.
