O governo federal anunciou, na sexta-feira (10), uma série de mudanças no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) que devem facilitar o acesso ao crédito imobiliário e reduzir custos para quem busca comprar a casa própria. Segundo especialistas, as novas medidas tendem a aumentar a concorrência entre os bancos e tornar o financiamento mais vantajoso para os consumidores.
A principal alteração foi a elevação do valor máximo de imóvel financiado, que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Como o SFH limita os juros a 12% ao ano, a ampliação permite a compra de imóveis maiores dentro de uma faixa de juros mais baixa. Antes, parte dessas operações era enquadrada no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), no qual as taxas são definidas livremente pelos bancos e costumam ser mais altas.
De acordo com o planejador financeiro Henrique Soares, certificado pela Planejar, “a proposta foi desenhada para ampliar o acesso ao crédito e aumentar a concorrência, o que pode gerar taxas menores e mais inclusão”.
O SFH também permite o uso de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como entrada do financiamento, benefício que agora poderá alcançar um número maior de famílias com a ampliação do teto.
As novas regras também alteram a forma como os bancos destinam recursos da caderneta de poupança para o crédito imobiliário. Antes, as instituições eram obrigadas a aplicar 65% dos depósitos em financiamentos, 20% em depósitos compulsórios no Banco Central e 15% em uso livre.
Com a mudança, todo o valor da poupança poderá ser utilizado livremente, desde que o banco disponibilize o mesmo montante em financiamentos pelo SFH. A transição será gradual e deve ser concluída em janeiro de 2027.
Para compensar, as instituições poderão recorrer a títulos privados, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), para ofertar crédito habitacional. Além disso, bancos que não possuem caderneta de poupança também poderão operar no SFH, utilizando os chamados Depósitos Interfinanceiros Imobiliários (DIIs).
Segundo Rafaela de Sá, planejadora financeira certificada pela Planejar, “isso deve aumentar a competição e gerar melhores condições para o consumidor. Na prática, mais famílias poderão planejar a compra da casa própria com entrada menor e parcelas mais acessíveis”.
As mudanças já começaram a surtir efeito. A Caixa Econômica Federal anunciou o retorno do modelo que permite financiar até 80% do valor total do imóvel — o limite anterior, de 70%, estava em vigor desde o fim de 2024. O banco passará a operar com as novas regras a partir de 13 de outubro.
Para quem está decidindo se deve financiar agora ou esperar, especialistas recomendam avaliar o momento pessoal e as condições de crédito. “Se a pessoa já tem entrada guardada e encontrou um imóvel adequado, pode valer a pena agir agora. Mas quem puder esperar, encontrará um cenário mais competitivo até 2027, com mais bancos e juros menores”, avalia Henrique Soares. Com informações: IstoÉDinheiro