O Brasil apresentou nesta sexta-feira (3) uma denúncia contra Israel no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, por conta da interceptação da flotilha Global Sumud, que seguia em direção à Faixa de Gaza levando ativistas e ajuda humanitária.
Segundo o Itamaraty, 15 brasileiros estavam entre os passageiros, incluindo a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE). Todos foram levados a Israel, onde aguardam processo de deportação.
Na carta entregue durante a 60ª sessão do conselho, o governo brasileiro afirmou que a abordagem israelense em águas internacionais "viola os princípios da liberdade de navegação" e representa "ação militar que coloca em risco a integridade física de ativistas humanitários".
O documento responsabiliza Israel pela segurança dos detidos e cobra o levantamento imediato das restrições impostas à entrada de ajuda em Gaza, com base na Quarta Convenção de Genebra.
De acordo com fontes diplomáticas, quase 70 países — entre eles a China — já manifestaram apoio à denúncia brasileira. A lista completa dos signatários deve ser divulgada nos próximos dias.
Em nota divulgada na noite de quinta-feira (2), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil também criticou o que classificou como “detenções arbitrárias” e defendeu que “operações de caráter humanitário devem ser autorizadas e facilitadas por todas as partes em conflito, não podendo ser obstadas de forma arbitrária”.
A flotilha Global Sumud era composta por ao menos 44 barcos civis, com cerca de 500 pessoas a bordo, incluindo a ativista ambiental sueca Greta Thunberg. Os organizadores afirmaram que os navios transportavam suprimentos de caráter humanitário destinados à população de Gaza.
Na quarta-feira (2), a Marinha israelense interceptou parte da frota e levou tripulação e passageiros ao porto de Ashdod. Israel alega que alertou os ativistas sobre a aproximação a uma “zona de combate ativa” e ofereceu a possibilidade de enviar a ajuda por canais considerados seguros.
Ativistas relataram, no entanto, que a interceptação foi violenta, com desligamento de câmeras de monitoramento e uso de canhões de água contra embarcações como o navio Flórida e os barcos Yulara e Meteque.
O caso repercutiu internacionalmente. Nesta sexta-feira, Israel iniciou a deportação dos tripulantes, com quatro cidadãos italianos já enviados de volta ao seu país.
Em resposta, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, determinou a expulsão de toda a delegação diplomática de Israel de Bogotá, em protesto contra a operação. Com informações: g1