Reflexo em Vidro Desvenda Feminicídio Forjado como Assalto no Oeste do Paraná

Um reflexo quase imperceptível no vidro de uma edícula foi a prova crucial para a Polícia Civil desmontar a farsa de um assalto e elucidar o feminicídio de Jaqueline Rodrigues Pereira, de 37 anos, em São Miguel do Iguaçu. O marido da vítima foi preso preventivamente no último sábado (27) como suspeito de assassinar a esposa com um tiro na cabeça e depois tentar simular um latrocínio.

As investigações apontam que o crime ocorreu dentro de um quarto por volta das 5h20 da manhã do dia 13 de setembro. Um áudio de câmera de segurança captou o som abafado de um disparo, indicando que a casa estava fechada. Minutos depois, registrou-se um ruído de algo sendo arrastado. Curiosamente, às 5h31, uma mensagem foi enviada do celular de Jaqueline em um grupo da família, dizendo “Bom dia povo”.

Cerca de uma hora após o primeiro disparo, a câmera captou um novo tiro, desta vez mais alto e próximo ao equipamento. Segundo a polícia, foi quando o suspeito teria atirado contra o próprio peito, causando um ferimento superficial, para forjar uma tentativa de assalto. Jaqueline foi encontrada morta no quintal, enquanto o marido foi socorrido para o hospital.

A Cena Refletida no Vidro

O caso começou a desmoronar quando o delegado Walcely de Almeida, alertado por um investigador sobre a estranheza da cena, foi ao local. A maioria das câmeras não havia registrado o crime, mas uma delas, instalada na varanda e voltada para um vidro da edícula, capturou indiretamente a movimentação do criminoso.

“Esse vidro espelhou e deu pra ver a passagem de alguém carregando um objeto. Não era muito nítido porque, além de ser um reflexo, as cores com o amanhecer estavam um pouco distorcidas”, explicou o delegado. Após análise, foi possível identificar o suspeito indo e voltando aos fundos da casa, carregando o corpo da esposa. Familiares reconheceram a pessoa nas imagens. A arma do crime foi posteriormente encontrada em um pomar.

Outro detalhe importante, segundo Walcely, foi o comportamento dos cachorros. “Na hora em que a primeira pessoa chegou ao local, os cachorros fizeram uma algazarra muito grande. Até então, mesmo com os disparos, era um completo silêncio”.

A Vítima

Jaqueline Rodrigues Pereira, de 37 anos, havia superado um câncer de mama há apenas seis meses. Era graduada e mãe de um menino de 11 anos. Ela mantinha um relacionamento com o suspeito há 12 anos.

A Defesa

Em nota, a defesa do suspeito informou que acompanha as investigações, mas não se manifestará sobre os fatos no momento, "por respeito à investigação em andamento".