A defesa de Alexandre Ramagem negou nesta terça-feira (2) que o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tenha determinado o monitoramento ilegal de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ou de desafetos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em sustentação no julgamento do núcleo 1 da trama golpista, que tem Ramagem como réu, o advogado Paulo Renato Cintra afirmou que os casos de monitoramento citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ocorreram antes da posse do ex-diretor na Abin. "Ramagem sequer era diretor da Abin à época", disse.
Cintra também negou que Ramagem tenha fornecido informações falsas a Bolsonaro para embasar lives nas redes sociais e atacar o sistema de votação eletrônica em julho de 2022. Segundo o advogado, os arquivos enviados ao então presidente eram produzidos a partir de informações públicas, discursos do próprio Bolsonaro e "anotações e opiniões pessoais".
"Ramagem não atuou para orientar o presidente da República, não era um ensaísta de Jair Bolsonaro. Ramagem compilava pensamentos do presidente da República", destacou. O advogado acrescentou que o ex-diretor deixou o governo em março de 2022 para concorrer às eleições e não participou do que chamou de "acirramento de condutas" em julho do mesmo ano.
Atualmente, Ramagem é deputado federal. Em razão da imunidade parlamentar, algumas acusações foram suspensas, mas ele continua respondendo pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
O julgamento, que começou nesta terça-feira, terá oito sessões distribuídas entre os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. A votação que definirá a condenação ou absolvição dos réus deve ocorrer nas próximas sessões, com penas que podem superar 30 anos de prisão. Com informações: Agência Brasil.