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Gás boliviano em queda ameaça finanças de Mato Grosso do Sul e força busca por alternativas

Redução das importações já tirou mais de R$ 350 milhões do caixa estadual em seis meses; governo avalia corte de gastos e novos projetos de abastecimento.
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Gasoduto Bolívia-Brasil em Corumbá: queda nas importações já reduziu mais de R$ 350 milhões da arrecadação de ICMS em MS neste ano. Foto: Divulgação. Por: Editorial | 30/08/2025 08:18

O gás natural, responsável por sustentar boa parte da arrecadação de Mato Grosso do Sul nas últimas décadas, deixou de cumprir esse papel estratégico. A queda das importações vindas da Bolívia pelo Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) reduziu drasticamente a entrada de ICMS, abrindo um rombo nas contas públicas e obrigando o governo estadual a cortar despesas. Projeções da consultoria Wood Mackenzie indicam que a Bolívia deixará de exportar gás até 2030, quando deve se tornar importadora líquida.

De janeiro a maio deste ano, o volume importado somou US$ 363 milhões – queda de US$ 163 milhões em relação ao mesmo período de 2024. A perda direta para Mato Grosso do Sul já passou de R$ 350 milhões em seis meses, o que equivale a quase metade de todo o orçamento anual da Secretaria de Saúde. Para compensar, o governador Eduardo Riedel anunciou corte de 25% no custeio da máquina pública.

O cenário é considerado definitivo: a produção boliviana caiu 17% nos últimos anos, sem perspectiva de recuperação. Atualmente, o fornecimento diário ao Brasil gira em torno de 10 a 12 milhões de m³, menos da metade do previsto no contrato original.

Diante do esgotamento do modelo, o governo estadual busca alternativas. Entre elas estão o chamado fluxo invertido, que permitiria trazer gás natural liquefeito (GNL) regaseificado do sudeste, e a construção de um novo gasoduto internacional ligando a Argentina ao Brasil via Paraguai e Mato Grosso do Sul. Este último projeto, caso avance, pode transformar o Estado em novo ponto de entrada do insumo, elevando a arrecadação do ICMS.

“Preocupa, com certeza. Já estamos trabalhando em alternativas, conversando com as empresas e avaliando a utilização da rede existente. O gás é estratégico para garantir competitividade às indústrias e também ao cidadão”, afirmou Riedel em entrevista recente.

Enquanto isso, a Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás) enfrenta o desafio de manter ativa a rede estadual, mas sem a mesma previsibilidade de suprimento, o que pode encarecer o insumo e impactar a competitividade do setor produtivo.

A aposta agora está nos estudos de viabilidade do gasoduto da Argentina, que teria capacidade para transportar 20 milhões de m³ por dia, sendo metade destinada ao Brasil. A possibilidade de integração com a estrutura já existente do Gasbol aumenta a expectativa de que Mato Grosso do Sul se mantenha como protagonista no mercado energético nacional, mesmo diante do fim da era do gás boliviano. Com informações: Correio do Estado.




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