Entrou em vigor nesta quarta-feira (6) o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a determinados produtos brasileiros. A medida, anunciada pela Casa Branca em 30 de julho, mira principalmente setores como o de proteína animal, com impacto direto sobre a carne bovina — principal item da pauta de exportações de Mato Grosso do Sul para o mercado norte-americano.
Apesar do aumento da tarifa, outros produtos relevantes para a balança comercial sul-mato-grossense ficaram de fora da medida. Entre eles, celulose e ferro-gusa, que mantêm a alíquota de 10% já aplicada anteriormente. A lista divulgada inclui ainda 694 produtos isentos da nova sobretaxa, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis.
No entanto, o impacto na carne bovina já é sentido. Mato Grosso do Sul, que exportou 49,6 mil toneladas do produto para os Estados Unidos apenas em 2024 — o equivalente a US$ 235 milhões — está há três semanas sem realizar novos embarques para o país. A suspensão é uma reação ao aumento de custos provocado pela taxação.
Segundo o relatório Comex, elaborado pela Semadesc, os Estados Unidos responderam por apenas 5,97% das exportações totais de MS no primeiro semestre de 2025. Mesmo assim, figuram como o segundo maior destino dos produtos locais, com US$ 315 milhões em compras no período.
O vice-presidente do Sincadems, Alberto Sérgio Capucci, afirma que, apesar da interrupção nas exportações de carne para os EUA, não houve queda na produção nem impacto nos empregos. “Os frigoríficos continuam operando normalmente. A carne está sendo redirecionada para mercados já consolidados, como China e Chile, além de novas apostas, como o Japão”, explicou.
A China, aliás, lidera o ranking de destino da carne bovina brasileira, com 49% do total embarcado. No caso da carne de MS, as toneladas antes destinadas aos EUA devem seguir para países do Oriente Médio, México e demais parceiros asiáticos.
Enquanto o setor se ajusta, o mercado pecuário registrou uma reação positiva. A arroba do boi gordo chegou a R$ 315 nesta terça-feira (5), a maior cotação do país, segundo o Cepea. O valor representa uma alta de quase 5% em relação ao início de julho.
Regis Comarella, presidente da associação dos frigoríficos do Estado, avalia que o momento é desafiador, mas acredita na adaptação do setor. “Estamos atentos à abertura de novos mercados, como o Japão. É um processo mais lento, mas há expectativa de avanço”, afirmou. Ele também garantiu que, até o momento, não há previsão de demissões ou paralisações nas plantas do Estado. Com informações: Midiamax.