A Santa Casa de Campo Grande enfrenta uma das mais graves crises financeiras de sua história recente. Desde a última quinta-feira (31), a unidade hospitalar teve o fornecimento de insumos interrompido por uma de suas principais empresas fornecedoras, responsável por cerca de 90% dos materiais utilizados em procedimentos de trauma. A suspensão, motivada pela falta de pagamento, já afeta diretamente os atendimentos no pronto-socorro.
Com uma média de 110 pacientes atendidos por dia, a falta de insumos essenciais coloca em risco a qualidade dos cuidados médicos prestados. Entre os itens em falta estão medicamentos para dor, antibióticos e até mesmo soro hospitalar. Um dos relatos mais alarmantes veio de uma funcionária, que afirmou que “o soro de 100 ml acabou, e estamos usando o de 1.000 ml, o que não é adequado para todos os pacientes”. Ela destacou ainda a necessidade urgente de analgésicos como o tramadol, que também estão em falta.
A administração do hospital reconheceu as dificuldades financeiras e atribuiu o problema ao subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a instituição, o contrato atual com a Prefeitura de Campo Grande está sem reajuste há dois anos, agravando ainda mais a situação em meio ao aumento da demanda por atendimento médico.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que firmou um contrato com a Santa Casa em fevereiro deste ano, prevendo o repasse mensal fixo de R$ 1 milhão, totalizando R$ 12 milhões até o final de 2025. No entanto, o fornecimento de insumos e medicamentos continua sob responsabilidade da própria instituição.
O cenário caótico levou o vereador Rafael Tavares (PL) a apresentar um requerimento para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal. O objetivo é investigar possíveis irregularidades administrativas e financeiras na gestão da Santa Casa, que atualmente opera com um déficit mensal de R$ 13 milhões apenas nos atendimentos realizados via SUS.
A CPI busca não apenas responsabilizar possíveis falhas, mas também encontrar soluções que garantam a sustentabilidade da principal unidade hospitalar de Campo Grande. Enquanto isso, a população assiste, apreensiva, ao colapso progressivo de um dos pilares do sistema público de saúde da capital.
A administração do hospital fez um apelo aos gestores públicos por maior diálogo e apoio emergencial para evitar a paralisação de serviços vitais. A situação exige resposta rápida e eficaz para que o atendimento à população não seja ainda mais prejudicado. Com informações:Dourados Online.