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Conectados ao perigo: tráfico de pessoas cresce com uso da internet e acende alerta em Mato Grosso do Sul

Criminosos modernizam o aliciamento de vítimas pelas redes sociais; denúncias de conteúdo suspeito aumentam 152% entre 2022 e 2024. Campanhas buscam conter o avanço desse crime silencioso e devastador.
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Deputado Gerson Claro é autor da lei que instituiu o Dia Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e a Campanha Coração Azul em MS (Foto: Luciana Nassar). Por: Editorial | 26/07/2025 09:14

O que parece um quarto seguro pode esconder um risco invisível por trás da tela de um celular. A internet tornou-se uma das principais ferramentas usadas por redes criminosas para o tráfico de pessoas — crime silencioso, cruel e altamente lucrativo.

 

Essas redes atuam em diversas etapas: da oferta de falsas oportunidades ao controle e exploração das vítimas. De 2022 a 2024, o Canal de Denúncias da SaferNet Brasil recebeu 2.976 registros de links suspeitos — aumento de 152% em comparação com os três anos anteriores.

 

Em Mato Grosso do Sul, a Lei Estadual 6.083/2023, de autoria do deputado Gerson Claro (PP), instituiu o Dia Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, celebrado em 30 de julho, além da Campanha Coração Azul, realizada na última semana do mês. A data também é reconhecida mundialmente pela ONU e nacionalmente pela Lei 13.344/2016.

 

“O tráfico de pessoas destrói vidas e famílias. Hoje, os aliciadores agem nas redes sociais, disfarçados de recrutadores. Precisamos alertar, principalmente os jovens, sobre esses perigos”, afirma o deputado.

 

A defensora pública Thaisa Raquel Defante, coordenadora do Núcleo Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP/MS), reforça o alerta:

 

“Você não deixaria seu filho andar sozinho à noite. Mas e na internet? Muitas vezes, achamos que estão seguros, quando na verdade podem estar sendo aliciados. Os pais precisam acompanhar o conteúdo acessado.”

 

Segundo o Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas de 2024, elaborado pelo Ministério da Justiça, 78% dos entrevistados apontam a internet como principal canal de recrutamento. Redes sociais são o meio mais citado no aliciamento para exploração sexual (52%) e o segundo no caso de trabalho análogo à escravidão (26%).

 

De acordo com a SaferNet, somente em 2024 foram 972 denúncias de conteúdo suspeito. Desde 2017, 1.517 páginas foram removidas da internet por conterem material relacionado ao tráfico de pessoas.

 

Thaisa destaca que o recrutamento online é emocionalmente dirigido:

 

“Os aliciadores exploram desejos e fragilidades. Uma proposta de trabalho no exterior, uma carreira artística ou até um relacionamento pode ser a isca. Quando percebem, as vítimas já estão presas.”

 

A defensora alerta ainda sobre o uso irrestrito do celular por crianças e adolescentes:

 

“É preciso atenção com jogos e redes sociais. O aliciador pode estar do outro lado da tela, e a família nem desconfiar.”

 

O crime está previsto no Artigo 149-A do Código Penal e inclui ações como aliciar, transportar, alojar ou acolher pessoas mediante ameaça, coação ou fraude para fins como exploração sexual, trabalho análogo à escravidão, adoção ilegal e remoção de órgãos.

 

Conforme o Relatório Nacional de 2024, as principais vulnerabilidades exploradas por traficantes são: baixa renda (22%), pouca escolaridade (18%), condição de migrante (14%), gênero feminino (13%), cor (12%), idade (9%) e orientação sexual (8%).

 

O NETP/MS, vinculado ao Ministério da Justiça, atua nos eixos de prevenção, assistência às vítimas e repressão ao crime. “O enfrentamento precisa ser articulado e contínuo”, afirma Thaisa. Com informações: ALEMS.




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