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Indígena denuncia estupros e abusos enquanto esteve presa em cela masculina no Amazonas

Mulher kokama relata ter sido violentada por policiais militares e guarda civil durante nove meses de detenção irregular; laudos médicos confirmam agressões e processo por danos morais segue na Justiça.
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Imagem mostra vítima dormindo no chão da cela, ao lado de homens presos, em condições precárias registradas por sua defesa. Imagem: Dacimar Carneiro. Por: Editorial | 22/07/2025 15:32

Uma indígena da etnia kokama, de 29 anos, denuncia ter sido estuprada e submetida a abusos físicos e psicológicos por policiais militares e um guarda municipal enquanto esteve presa por mais de nove meses em uma cela masculina na cidade de Santo Antônio do Içá, no interior do Amazonas.

Detida em novembro de 2022, após procurar a delegacia para denunciar violência doméstica, ela foi mantida em condições ilegais por não haver presídio feminino na cidade. Durante todo o período, permaneceu encarcerada com seu filho recém-nascido, a quem amamentava dentro da cela.

A vítima relatou que os abusos começaram logo após sua detenção, iniciados por um sargento da Polícia Militar que, segundo ela, invadiu a cela embriagado. “Disse que eu teria que colaborar, que estava sob a guarda deles”, contou. Ao longo dos meses, ela foi forçada a manter relações sexuais, consumir bebidas alcoólicas e fazer serviços como limpeza de banheiros e capina do terreno da delegacia. Outras cinco pessoas teriam participado dos crimes.

A violência foi sistemática e acompanhada de ameaças constantes. “Todos os dias eu lembro de todos eles. Quando durmo e acordo, eu nunca vou esquecer”, desabafou. Laudo do Instituto Médico Legal confirmou fissuras e hematomas compatíveis com estupro, reforçando as denúncias.

Um juiz considerou a detenção "inapropriada" apenas sete meses depois e ordenou sua transferência, que ocorreu em agosto de 2023. No novo presídio, ela denunciou os crimes e relatou sequelas físicas e psicológicas graves, incluindo depressão, crises de pânico e pensamentos suicidas.

A defesa ingressou com ação contra o Estado do Amazonas, pedindo R$ 500 mil de indenização e tratamento especializado. O governo propôs inicialmente R$ 35 mil, valor considerado "irrisório" pela defesa. A negociação está sem acordo e segue na Justiça.

Embora um Inquérito Policial Militar tenha sido aberto em outubro de 2023, até o momento não há informações sobre responsabilização dos acusados. A Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar e o Ministério Público não responderam aos questionamentos.

A mulher luta por reparação. “Acabou a minha integridade. Eu sinto que não vou ser mais normal. Isso me abalou para sempre”, declarou. Com informações: MS Notícias.




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