| Hoje é Terça-feira, 16 de Setembro de 2025.

EUA abrem investigação contra Brasil e miram Pix por concorrência com empresas americanas

Governo norte-americano aponta “práticas comerciais desleais” e sistema de pagamento brasileiro estaria no centro da disputa; Pix já movimenta trilhões e é alternativa ao dólar em transações internacionais.
Ampliar
Sistema Pix, desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, é usado por milhões e virou alvo de investigação dos EUA por suposta concorrência com empresas como WhatsApp Pay e operadoras de cartão. Foto: Imagem Ilustrativo. Por: Editorial | 17/07/2025 09:02

Os Estados Unidos anunciaram, na terça-feira (15), a abertura de uma investigação formal contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais. No centro da disputa está o sistema de pagamentos instantâneos Pix, que, embora não seja citado nominalmente no documento oficial, aparece nas entrelinhas da medida anunciada pelo representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.

A ação foi protocolada sob o nome de “Investigação da Seção 301 sobre Práticas Comerciais Desleais no Brasil”. O texto menciona “serviços de pagamento eletrônico do governo”, apontando que o país “parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico”.

Nos bastidores, especula-se que o desconforto dos EUA esteja ligado à concorrência direta entre o Pix e ferramentas controladas por empresas norte-americanas, como o WhatsApp Pay, da Meta — empresa de Mark Zuckerberg, aliado do ex-presidente Donald Trump — além de redes de cartão de crédito.

O atrito remonta a junho de 2020, quando o WhatsApp anunciou que o Brasil seria o primeiro país a contar com uma nova funcionalidade de envio e recebimento de dinheiro. No entanto, uma semana após o anúncio, o Banco Central (BC) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) suspenderam o serviço, alegando necessidade de avaliação de riscos e proteção à concorrência.

Para a economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, a decisão das autoridades brasileiras foi acertada. “O WhatsApp não estava integrado ao sistema financeiro nacional e escapava da regulação do Banco Central, ferindo as normas brasileiras de monitoramento de transações financeiras”, explica.

Lançado oficialmente em novembro de 2020, o Pix já era planejado desde 2018 como um ecossistema neutro, seguro e inclusivo, segundo o BC. E os resultados vieram rapidamente: em 2024, o sistema movimentou R$ 26,4 trilhões no Brasil.

A economista destaca ainda outro ponto de tensão com os EUA: o uso do Pix como alternativa ao dólar em transações internacionais. “Hoje, brasileiros conseguem fazer pagamentos via Pix no Paraguai e no Panamá, por exemplo. Isso antes era feito em dólar. Essa redução na demanda pela moeda norte-americana impacta diretamente os interesses econômicos dos EUA”, afirma Mello.

Além disso, as operadoras de cartões de crédito também veem no Pix um forte concorrente. O recurso “Pix Parcelado”, que começa a operar em setembro de 2025, permitirá que usuários parcelem compras com a mesma facilidade de um cartão, enquanto o vendedor recebe o valor integral na hora.

Apesar da pressão internacional, especialistas brasileiros defendem o Pix como um modelo eficiente, seguro e inclusivo. “Ele democratizou o acesso a serviços financeiros. Pessoas de baixa renda, pequenos negócios e até mesmo pessoas em situação de rua passaram a contar com um meio de pagamento rápido e gratuito”, pontua a economista.

A investigação dos EUA ainda está em fase inicial e deve gerar novos desdobramentos diplomáticos e comerciais. Enquanto isso, o Pix segue consolidado como uma inovação brasileira que desafia gigantes globais. Com informações: Agência Brasil.




PORTAL DO CONESUL
NAVIRAÍ MS
CNPJ: 44.118.036/0001-40
E-MAIL: portaldoconesul@hotmail.com
Siga-nos nas redes sociais: