Em discurso realizado nesta segunda-feira (14), no Salão Oval da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma nova leva de armamentos destinados à Ucrânia, financiada por países europeus. A medida vem acompanhada da ameaça de tarifas adicionais contra a Rússia, caso o governo de Vladimir Putin não aceite os termos propostos para um acordo de paz.
Além do envio de armas, Trump declarou que pretende impor sanções econômicas mais severas ao governo russo, com um impacto direto no orçamento de guerra de Moscou. No entanto, essas tarifas secundárias só entrarão em vigor daqui a 50 dias, o que, na prática, dá tempo à Rússia para negociar alternativas e possíveis adiamentos.
Apesar do tom duro, a reação inicial do mercado financeiro russo foi positiva. A bolsa de valores de Moscou subiu 2,7% após o pronunciamento, refletindo a avaliação de que as sanções poderiam ter sido mais pesadas.
"Rússia e Estados Unidos caminham para uma nova rodada de confrontos por causa da Ucrânia", alertou o jornal russo Moskovsky Komsomolets em sua edição de segunda-feira. Para o tabloide, o pronunciamento de Trump "não será agradável para o nosso país".
A estratégia russa, segundo analistas, tem sido a do "Sim, mas…", aceitando propostas americanas apenas parcialmente e condicionando qualquer avanço a exigências que o Ocidente dificilmente atenderá. Entre elas, o fim do apoio militar à Ucrânia e a interrupção do intercâmbio de inteligência com Kiev.
Nos bastidores diplomáticos, o governo Trump vinha evitando ameaças diretas, apostando em incentivos para obter um cessar-fogo. Contudo, a falta de avanços concretos e a persistência da guerra teriam levado o presidente dos EUA a adotar uma postura mais assertiva.
Enquanto Trump se mostra frustrado com a relutância de Putin em selar a paz, o Kremlin mantém sua posição: diz querer o fim do conflito, mas apenas nos seus próprios termos. Isso inclui, entre outras exigências, o encerramento definitivo do envio de armas ocidentais à Ucrânia — uma possibilidade descartada por Trump em seu anúncio.
A escalada de tensões entre Washington e Moscou pode ter efeitos colaterais também para países como o Brasil, que dependem da estabilidade dos mercados internacionais e mantêm relações comerciais com os dois lados do conflito.
No encerramento de seu discurso, Trump afirmou que "não está satisfeito" com o comportamento de Vladimir Putin. O jornal russo Moskovsky Komsomolets reagiu com ironia: "[Trump] claramente sofre de delírios de grandeza. E fala demais".
A frase parece resumir o atual estágio das relações entre as duas potências. Enquanto a guerra na Ucrânia se arrasta, o mundo observa atentamente os próximos passos de Washington e Moscou. Com informações: G1.