| Hoje é Quarta-feira, 30 de Julho de 2025.

Trump impõe tarifa de 50% e trava comércio com Brasil: Lula reage com lei de reciprocidade

Decisão dos EUA atinge setores estratégicos, ameaça empregos e derruba preços no Brasil; governo e setor produtivo alertam para risco de crise comercial sem precedentes.
Ampliar
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva reage à decisão de Donald Trump com promessa de retaliação via Lei de Reciprocidade Econômica; tarifa de 50% atinge produtos como carne, petróleo e aviões. Foto: Dvulgação. Por: Editorial | 10/07/2025 16:15

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil a partir de 1º de agosto foi recebida com forte preocupação pelo governo brasileiro, empresários e entidades do setor produtivo. A medida representa, na prática, um fechamento do mercado americano para o Brasil e pode causar uma onda de desemprego e retração econômica, segundo especialistas.

“Cerca de 15% das exportações brasileiras têm como destino os EUA, com destaque para produtos manufaturados e semimanufaturados. Com essa tarifa, vamos perder divisas, empregos e competitividade”, afirma o professor Roberto Goulart Menezes, da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Instituto Nacional dos EUA (INEU).

Entre os setores mais afetados estão a indústria de base, com destaque para petróleo, aço e minério de ferro; o setor aeronáutico, com a Embraer; e o agronegócio, com impacto direto sobre carne, café, suco de laranja e açúcar. A Petrobras e a Embraer, principais exportadoras para o mercado norte-americano, devem buscar alternativas, mas com aumento de custos e redução de margens.

“Essas tarifas tornam o mercado mais importante do mundo economicamente inviável para as empresas brasileiras”, aponta Alexandre Pires, economista do Ibmec-SP. Segundo ele, um efeito imediato será a queda nos preços de commodities no mercado interno, o que pode parecer bom para o consumidor, mas representa prejuízo para o produtor e desestrutura o setor.

Reação brasileira: retaliação e defesa da soberania

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu de forma dura à medida. Em publicação nas redes sociais, afirmou que o Brasil aplicará a Lei de Reciprocidade Econômica sancionada em abril deste ano, que permite retaliar países que impõem barreiras comerciais unilaterais. Lula também classificou como “falsa” a alegação de déficit comercial feita por Trump para justificar as tarifas.

“As estatísticas oficiais dos Estados Unidos demonstram um superávit acumulado de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos”, disse o presidente. Lula ainda criticou o uso de argumentos políticos e ameaças contra a soberania nacional. “O Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceita tutelas externas.”

No documento enviado a Lula, Trump cita o ex-presidente Jair Bolsonaro e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) como justificativas para o “tarifaço”. Lula rebateu: “As decisões da Justiça brasileira não estão sujeitas a ingerência estrangeira. Liberdade de expressão não é sinônimo de discurso de ódio ou ataque às instituições”.

Setor produtivo em alerta

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou, em nota, que não há justificativa econômica para a medida e alertou para impactos severos na indústria nacional. “É preciso intensificar o diálogo e buscar a reversão dessa decisão para preservar uma das relações comerciais mais importantes do Brasil”, disse Ricardo Alban, presidente da entidade.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também reagiu. “Essa tarifa inviabiliza as exportações de carne aos EUA e compromete a segurança alimentar global”, afirmou em nota.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifestou preocupação e defendeu uma resposta estratégica, com diplomacia firme. “É hora de cautela, mas também de presença ativa do Brasil nas negociações bilaterais”, alertou.

Impacto assimétrico no comércio bilateral

Apesar do peso da relação comercial para o Brasil — os EUA são o segundo maior parceiro comercial do país —, o Brasil ocupa apenas a 15ª posição entre os parceiros comerciais dos norte-americanos. Ainda assim, os EUA tradicionalmente têm superávit na balança com o Brasil, o que contraria o discurso de Trump.

Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, em 2024, o Brasil exportou petróleo, aço, café, aviões e carne aos EUA, enquanto importou principalmente peças de aviões, gás natural liquefeito e nafta petroquímica.

Para a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o tarifaço é uma medida política com forte impacto econômico. “É um dos maiores ataques comerciais a um parceiro já registrados. Pode afetar a imagem do Brasil e inibir negócios com outros países por medo de represálias americanas”, declarou José Augusto de Castro, presidente da AEB.

Diplomacia como saída

Apesar do tom duro nas primeiras respostas, especialistas e entidades destacam que a saída para a crise está no diálogo. “A diplomacia ainda é a ferramenta mais poderosa. Recuos já ocorreram antes em situações semelhantes”, diz Alexandre Pires.

Com os impactos já visíveis no câmbio, nos preços de commodities e no humor do mercado, o governo brasileiro corre contra o tempo para buscar, junto ao setor privado e à comunidade internacional, alternativas e estratégias para mitigar os efeitos do tarifaço e defender a soberania nacional em meio a um cenário de tensão geopolítica crescente. Redação com informações: Semana On.




PORTAL DO CONESUL
NAVIRAÍ MS
CNPJ: 44.118.036/0001-40
E-MAIL: portaldoconesul@hotmail.com
Siga-nos nas redes sociais: