A moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil registrou uma queda expressiva de 21,49% na primeira quinzena de junho em comparação com o mesmo período da safra passada. Os dados, divulgados nesta segunda-feira (30/6) pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), apontam que foram processadas 38,78 milhões de toneladas nas usinas, ante 49,40 milhões no ciclo 2024/2025.
Segundo a Unica, no acumulado da safra 2025/2026 até o dia 16 de junho, a moagem somou 163,58 milhões de toneladas — retração de 14,33% frente às 190,94 milhões registradas no mesmo período do ciclo anterior. A redução é atribuída, principalmente, às condições climáticas desfavoráveis, com chuvas frequentes em estados como Paraná, Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo, o que atrasou a colheita.
O diretor de Inteligência Setorial da entidade, Luciano Rodrigues, informou que 95% das usinas estão operando na região, mas ainda assim houve recuo. “As chuvas impactaram o ritmo do trabalho no campo, fazendo com que o volume processado ficasse abaixo da média das últimas safras”, explicou.
Além da moagem, houve retração na qualidade da matéria-prima: o índice de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) caiu 4,37% na primeira quinzena de junho, atingindo 128,66 kg por tonelada. No acumulado da safra, a queda é de 4,54%.
A produção de açúcar também recuou. Foram 2,45 milhões de toneladas na quinzena, contra 3,15 milhões no mesmo intervalo de 2024, uma redução de 22,12%. No acumulado da safra, a produção caiu 14,63%.
O etanol também seguiu a tendência de queda. Foram produzidos 1,78 bilhão de litros na quinzena (-22,11%), com retrações de 17,97% no etanol hidratado e 26,97% no anidro. No ciclo total, a produção de etanol já caiu 14,21%.
Apesar disso, a produção de etanol a partir do milho segue em alta: 356,98 milhões de litros produzidos na primeira quinzena (+16,54%) e 1,80 bilhão de litros no acumulado (+22,02%).
As vendas de etanol caíram 13,92% no período, com destaque para o hidratado (-15,93%). No acumulado da safra, a retração é de 4,47%. Ainda assim, a atual paridade de preços entre o etanol e a gasolina — de 67,4% — pode impulsionar a demanda nos próximos meses, especialmente em estados como São Paulo, MS, MT, PR e MG.
Outro fator positivo para o setor é o aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina de 27% para 30%, a partir de 1º de agosto. “A ampliação deve promover menor emissão de gases de efeito estufa e maior geração de empregos”, diz Rodrigues.
Até 27 de junho, o setor já emitiu 21,28 milhões de CBios, os créditos de descarbonização. Somados aos créditos disponíveis e aposentados, o setor já atingiu cerca de 76% da meta para o Programa RenovaBio em 2025.Com informações: Bata News.