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Garota negra que cresceu em Naviraí rompe barreiras e brilha na Justiça brasileira

Filha de lavradores do interior sul-mato-grossense, Adenir despontou como possível ministra do STF.
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Adenir Alves da Silva Carruesco, primeira mulher negra a presidir o Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (MT), símbolo de superação e representatividade no Judiciário brasileiro. Por: Editorial | 29/06/2025 07:29

Adenir Alves da Silva Carruesco nasceu em 1965, na cidade de Santa Cruz do Monte Castelo (PR), em uma família humilde de trabalhadores rurais analfabetos funcionais. Desde cedo, enfrentou dificuldades sociais e pessoais, mas também demonstrou uma força singular para superar os desafios que a vida lhe impôs. Com uma trajetória improvável, passou de aluna desacreditada a uma das mais altas autoridades da Justiça do Trabalho no Brasil.

Sua caminhada no serviço público começou como escrevente judicial em Naviraí (MS) e, mais tarde, como escrivã em Dourados. Decidida a avançar na carreira, foi aprovada em Direito e conquistou o cargo de juíza do Trabalho no TRT da 23ª Região, em Mato Grosso. Em 2023, rompeu mais um marco: tornou-se a primeira mulher negra a presidir o Tribunal Regional do Trabalho do estado.

Adenir cresceu cercada por exemplos de força e resiliência. Sua mãe, dona Geralda, inspirada por uma professora, escolheu o nome da filha sonhando com um futuro diferente para ela — desejo que Adenir honrou com determinação. Antes de ingressar na magistratura, também foi professora, devolvendo à educação a esperança que um dia recebeu.

Na infância, viveu episódios de racismo que deixaram marcas, mas também despertaram sua consciência e motivação. Aos oito anos, foi humilhada por uma professora. Em vez de desistir, usou a dor como combustível para lutar por respeito e reconhecimento.

Aos 18 anos, foi aprovada em concurso público graças ao apoio do Dr. Alécio Antônio Tamiozzo. “Ele olhou para mim e pediu que eu fizesse a prova na próxima turma, mas a máquina travou de novo. Fiz uma confusão, e ele me deixou repetir. Ele percebeu que eu estava nervosa”, relembra. A sensibilidade do magistrado foi fundamental naquele momento, ao reconhecer sua ansiedade durante a prova de datilografia. 

Adenir Alves da Silva Carruesco recebe a medalha de campeã nos jogos escolares em Naviraí, um marco na trajetória de superação e conquistas da futura desembargadora.

Outro nome importante nessa fase foi o do professor Napoleão Teodoro de Souza, da escola Presidente Médici. Foi ele quem apresentou o esporte à jovem Adenir, fortalecendo sua autoconfiança e autoestima. “Guardo esse nome com carinho”, afirma.

Através do olhar generoso desses dois educadores, encontrou inspiração e segurança para seguir em frente. Sua escolha pelo curso de Direito veio após quase uma década atuando como escrivã — um passo decisivo rumo à magistratura.

O orgulho de dona Geralda pela trajetória da filha Adenir só se consolidou ao ver a repercussão entre outras mulheres. Adenir conquistou destaque atuando em várias cidades do Mato Grosso, foi nomeada desembargadora em 2021, presidiu o TRT da 23ª Região e chegou a ser chegou a ser indicada por diferentes instituições para ocupar a vaga deixada por Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. em 2023.

Filha de trabalhadores braçais analfabetos funcionais, dona Geralda e seu Selvino sonhavam com um futuro melhor para os filhos. O nome Adenir foi inspirado na professora que a mãe via passar, e o desejo de que a filha tivesse uma vida diferente da dela, marcada por dificuldades no campo.

Adenir iniciou a carreira como professora, formação que trouxe orgulho à mãe, e superou os desafios da infância na roça para construir uma trajetória marcada pela superação e conexão com suas raízes.

Para Adenir, sua trajetória foi construída com base em oportunidades e em pessoas que acreditaram em seu potencial. “Alguém precisa dizer que você vale como ser humano. Essas pessoas foram fundamentais para eu perceber o perfume da humanidade”, diz. Hoje, compartilha essa essência por meio do exemplo.

Casada com Marcelo, mãe de dois filhos e avó, Adenir continua inspirando gerações. Sua história mostra que os finais felizes não são privilégio dos contos de fadas: podem ser conquistados com coragem, esforço e consciência do próprio valor. Portal do Conesul, com informações da (Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - imprensa@tjms.jus.br)

 




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