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Conflito entre Irã e Israel ameaça insumos e eleva custos do agro em MS

Especialistas alertam para risco de alta em fertilizantes e combustíveis; guerra pode pressionar inflação e logística no campo.
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Alta nos preços de ureia e petróleo preocupa produtores rurais de Mato Grosso do Sul diante do conflito no Oriente Médio Foto: Divulgação. Por: Editorial | 18/06/2025 09:13

A escalada do conflito entre Irã e Israel nas últimas semanas acende o alerta para os produtores rurais de Mato Grosso do Sul. Autoridades e especialistas ouvidos pela reportagem apontam que os primeiros reflexos da guerra no Oriente Médio devem ser sentidos nos custos de insumos agrícolas, combustíveis e logística, o que pode impactar diretamente a cadeia produtiva do agronegócio no Estado.

Uma das maiores preocupações é a oferta de fertilizantes, especialmente a ureia, insumo essencial para as lavouras. O Irã figura entre os principais exportadores mundiais desse produto, com papel significativo nas importações brasileiras.

“O Irã é um grande exportador de ureia para o Brasil. Já avaliamos que haverá restrição na oferta em função da guerra”, afirmou o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.

Ele explica que, com a escassez de produto iraniano, o Brasil terá que buscar alternativas, o que deve pressionar os preços internacionais. “Hoje, 97% da ureia é importada pelo Brasil. Se perdemos um fornecedor relevante, os preços sobem”, acrescentou.

A situação reforça a importância da retomada de projetos de produção nacional de fertilizantes, como a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas, que permanece parada. “A UFN3 seria fundamental para reduzir nossa dependência externa”, disse Verruck.

Petróleo e combustível no radar

Outro fator de alerta é a possível alta nos preços do petróleo. O conflito entre os países já provocou uma elevação de mais de 4% no preço da commodity. A maior preocupação é com o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo consumido globalmente.

“O Irã é um dos maiores exportadores de petróleo. Se o fornecimento for afetado, o barril sobe e o diesel encarece aqui também”, explicou Verruck, ponderando que os efeitos ainda dependem do andamento da guerra.

Segundo o economista Michel Constantino, o petróleo é o fator mais crítico no curto prazo. “O efeito multiplicador vai desde o combustível até o transporte e a produção. Isso pode impulsionar a inflação e gerar incertezas no mercado.”

Para Constantino, a situação é agravada por fatores internos, como a elevação de tributos no Brasil. “No atual cenário, os impostos podem pesar mais do que o próprio conflito sobre a economia nacional e estadual.”

Logística pressionada

O analista de comércio exterior Aldo Barrigosse lembra que o encarecimento do petróleo tem efeito direto sobre a logística do setor agropecuário. “O impacto é duplo: aumenta o custo para produzir e para escoar a produção. Isso pressiona o preço dos alimentos e afeta a inflação.”

Embora Israel importe produtos de MS, como carne bovina e celulose, sua participação é pequena no volume total de exportações, o que reduz os riscos diretos em caso de interrupção comercial.

Já o mestre em Economia Eugênio Pavão alerta para a imprevisibilidade do cenário. “A duração do conflito e a entrada de novos países nas hostilidades vão determinar o tamanho do impacto. Somos um país rodoviário, o que aumenta nossa vulnerabilidade a oscilações no preço do petróleo.”

Com o cenário internacional em tensão, o agronegócio sul-mato-grossense permanece atento às próximas movimentações no Oriente Médio e às possíveis repercussões na economia local. Com informações: Correio do Estado. 




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