Diante do caso recente de influenza aviária (H5N1) confirmado em uma granja comercial de Montenegro, no Rio Grande do Sul, a mobilização preventiva em Mato Grosso do Sul foi intensificada. A Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), em parceria com a Embrapa Pantanal e a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), lidera ações estratégicas voltadas à biossegurança e educação sanitária em propriedades da agricultura familiar.
A iniciativa busca preparar pequenos produtores para atuar como agentes de vigilância sanitária, especialmente em regiões de fronteira e comunidades com avicultura de subsistência. Oficinas, capacitações, visitas técnicas e materiais informativos integram o esforço conjunto para garantir a proteção dos plantéis e da saúde pública.
“A informação é uma aliada fundamental no combate à gripe aviária. O produtor familiar é, muitas vezes, o primeiro a notar alterações no comportamento das aves”, destaca Thainara Rocha, zootecnista da Agraer. Ela ressalta que, sem infraestrutura adequada, criações com aves soltas aumentam o risco de contaminação. “Se confirmado um foco, a contenção exige o sacrifício dos animais, o que pode causar prejuízos severos”, alerta.
Desde março, técnicos da Agraer vêm sendo capacitados em práticas de biossegurança, e uma nova formação específica sobre influenza aviária está prevista para este mês. “Nosso objetivo é garantir orientação padronizada e eficaz”, afirma Thainara. Além disso, os produtores têm à disposição canais da Iagro para tirar dúvidas e comunicar suspeitas, com suporte direto dos técnicos da Agraer.
Segundo Janine Ferra, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Iagro, é essencial entender a diferença entre biosseguridade e biossegurança. “A primeira se refere à estrutura da propriedade, como cercas e manejo; a segunda, à proteção do operador, como o uso de EPIs. Ambas são fundamentais para evitar surtos”, explica.
Em caso de suspeita, a recomendação é isolar imediatamente as aves e acionar a Iagro. Sinais como andar cambaleante, inchaço, dificuldade respiratória, diarreia ou mudança na coloração da crista devem ser levados a sério. “A ação da Iagro deve ocorrer em até 12 horas após o alerta”, reforça Janine.
A Embrapa Pantanal atua como parceira estratégica no compartilhamento de conhecimento técnico e científico. A pesquisadora Raquel Juliano ressalta que a educação sanitária no campo é decisiva. “A saúde é um processo integrado. A gripe aviária ameaça também a segurança alimentar das famílias que dependem das aves”, afirma.
A instituição trabalha com os princípios da Saúde Única, envolvendo saúde animal, humana, vegetal e ambiental. Com apoio da Fundect, um projeto voltado às aves de quintal promove criação protegida, ações educativas em escolas e a produção de materiais técnicos voltados a comunidades tradicionais, indígenas e escolas agrícolas.
“As mulheres são protagonistas nesse processo, pois muitas vezes são elas que cuidam das aves no dia a dia”, observa Raquel. A abordagem prevê formação de multiplicadores entre técnicos e lideranças rurais, garantindo que a informação chegue de forma clara e acessível.
A expectativa, com essa articulação entre instituições, é manter Mato Grosso do Sul livre da influenza aviária, com capacidade de resposta rápida a qualquer sinal de risco — protegendo a produção rural, a saúde das famílias e o abastecimento alimentar. Com informações: Agência de Notícias.