Em novembro de 2024, a fiscalização de trânsito em Campo Grande passou das mãos da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) para a Guarda Civil Metropolitana (GCM). Mas, passados mais de seis meses da mudança, o que se vê é a ausência quase total de agentes nas ruas — enquanto os acidentes fatais continuam a crescer.
De janeiro a maio de 2025, 25 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito na Capital, segundo dados da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública). No mesmo período do ano anterior, foram 21 mortes. A falta de fiscalização é sentida por quem vive o dia a dia no trânsito, como o mototaxista Wilson Vera, que atua há 15 anos na cidade. “Muito de vez em quando você vê alguém da Guarda Municipal. Falta fiscalização, sim”, resume.
A reportagem percorreu as principais vias do centro, como a Dom Aquino, Calógeras, Afonso Pena, Rui Barbosa, 14 de Julho, e também bairros afastados. Em nenhum ponto foi flagrada a presença da GCM fiscalizando o trânsito.
O secretário especial de Segurança e Defesa Social, Anderson Gonzaga, afirma que 80 agentes estão destacados para a função e que o efetivo é considerado “adequado” para a frota de quase 680 mil veículos. A Guarda também conta com sete veículos próprios e apoio de viaturas da Agetran, além de parcerias com Detran-MS e BPtran. Ainda assim, o secretário não comentou o aumento de acidentes.
Outro ponto que chama atenção é a falta de transparência. O site da Agetran, até esta publicação, exibia dados de multas apenas até agosto de 2024. No período, foram 184.819 infrações registradas, gerando R$ 30,2 milhões em arrecadação. Apenas 4,6% desse valor — R$ 1,3 milhão — foi investido em sinalização viária.
A ausência de fiscalização e os reflexos no cotidiano são notados por moradores de várias regiões. Fábio Lucas, vendedor, aponta que “nos bairros já é mais esquecido”, enquanto o aposentado Hamilton Peixeira, com mais de 50 anos de volante, é taxativo: “O trânsito em Campo Grande tá uma m... Ninguém respeita ninguém.”
A mudança no comando da fiscalização, segundo a Agetran, foi motivada por limitações financeiras, administrativas e a necessidade de cumprir um Termo de Ajustamento de Conduta firmado com o Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS). Porém, o resultado até agora, segundo os usuários das ruas, é um só: falta guarda, falta ordem — e sobram acidentes. Com informações: Campo Grande News.