Pelo quarto ano consecutivo, Mato Grosso do Sul deve registrar crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima da média nacional. Impulsionado principalmente pelo agronegócio e pela indústria, o Estado lidera as projeções econômicas entre as unidades da Federação, com estimativas que apontam expansão de até 4,4% em 2025 — o dobro da média esperada para o Brasil, que gira em torno de 2%.
Na última sexta-feira (30), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB nacional cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, com destaque para a agropecuária (alta de 12,2%) e os serviços (0,3%). A indústria permaneceu praticamente estável, com leve queda de 0,1%.
Embora o levantamento do IBGE não traga recortes estaduais trimestrais, economistas consultados pelo Correio do Estado afirmam que Mato Grosso do Sul deve apresentar crescimento acima da média, sustentado por uma forte recuperação da produção agrícola e pelo desempenho das exportações.
“Como no caso do resultado nacional, o PIB agro vai puxar positivamente o desempenho estadual. Os principais setores são o agro e a indústria, com destaque para a soja, o milho e a celulose, com a agroindústria desses produtos tendo os maiores crescimentos porcentuais”, avalia o doutor em Economia Michel Constantino.
O Estado lidera as principais projeções de crescimento econômico divulgadas por instituições como o Banco do Brasil e a consultoria Tendências. De acordo com esta última, Mato Grosso do Sul deverá crescer 4,4% neste ano, seguido por Mato Grosso (3,7%). O Banco do Brasil projeta um avanço de 4,2% para o Estado, enquanto a média nacional permanece em 2,2%.
Conforme a Resenha Regional do Banco do Brasil, o setor agropecuário sul-mato-grossense deve ter a maior taxa de crescimento do País, com projeção de 11,7%, superando estados tradicionalmente fortes na produção rural, como o Rio Grande do Sul.
Para o economista Daniel Frainer, professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), o desempenho de MS é diferenciado do cenário nacional. “O agro tem um papel fundamental no Estado, mas no nacional o que manda é o crescimento dos serviços. Embora o crescimento do agro seja grande, ele tem pouco peso no total nacional. Já em Mato Grosso do Sul, ele é decisivo”, explica.
A safra atual de soja, segundo dados do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), deve atingir 14,6 milhões de toneladas, se tornando a segunda maior da história do Estado, atrás apenas da colheita de 2022/2023. A produtividade média é estimada em 54,4 sacas por hectare, com regiões ultrapassando as 80 sacas por hectare.
De acordo com o secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, ainda haverá uma última revisão, mas a expectativa é de que o volume final supere as estimativas iniciais. “Vai ter ainda uma revisão, mas tínhamos lugares com altíssima produtividade média. Mato Grosso do Sul contribui com uma recuperação excepcional na produção brasileira”, afirma.
Outro indicador positivo é a balança comercial do Estado. Mato Grosso do Sul encerrou o primeiro quadrimestre do ano com superavit de US$ 2,46 bilhões, crescimento de 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado. As exportações somaram US$ 3,37 bilhões, com destaque para celulose, carne bovina, carne de aves e grãos.
Embora a soja tenha tido queda de 25,7% em valor exportado, ela permanece como o segundo item da pauta, com 28,66% de participação. Para Jaime Verruck, o volume exportado deve ser recorde este ano. “Existe uma pressão grande de compra do mercado chinês. Devemos bater um recorde de exportação de grãos, aproveitando a janela favorável diante das indefinições tarifárias entre China e Estados Unidos”, conclui. Com informações: Correio do Estado.