China impõe embargo total ao frango brasileiro e acende alerta no setor avícola

A recente proibição imposta pela China à importação de carne de frango e seus derivados do Brasil acendeu um sinal de alerta no setor avícola nacional. A medida, anunciada oficialmente pela Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) no dia 29 de maio, foi motivada por casos de gripe aviária registrados em território brasileiro e afeta diretamente um dos principais mercados de exportação da avicultura nacional.

Somente entre janeiro e abril de 2025, a China importou 192 mil toneladas de carne de frango do Brasil. Mato Grosso do Sul, um dos maiores exportadores do país, sentirá os efeitos imediatos da decisão. No primeiro trimestre deste ano, o estado embarcou 7,17 mil toneladas do produto para o mercado chinês.

Apesar de o governo brasileiro ter se antecipado à possibilidade de sanções e sugerido que as restrições se limitassem ao município afetado pelo surto — Montenegro, no Rio Grande do Sul —, o apelo diplomático não teve êxito. A China optou por um embargo total, que inclui também produtos processados como salsichas e linguiças.

A confirmação da gripe aviária foi feita no dia 15 de maio, e atualmente o Brasil investiga 13 casos suspeitos da doença, sendo apenas um relacionado a uma granja comercial. Ainda assim, o temor internacional e os protocolos sanitários mais rigorosos adotados por alguns países levaram à suspensão total das compras.

O impacto financeiro é expressivo. Só no comércio com a China, as exportações brasileiras de carne de frango somam US$ 455 milhões. Em Mato Grosso do Sul, cerca de 16,3% da receita do setor avícola vem do mercado chinês, o que evidencia o peso da decisão.

Mesmo diante do revés, o setor tenta manter o otimismo. Entre janeiro e março de 2025, o estado exportou 49,6 mil toneladas de carne de frango, com receita de US$ 103,3 milhões — aumento de 27% em volume e 33% em valor em relação ao mesmo período do ano passado.

Francieli Coneli, presidente da Avimasul (Associação de Avicultura de Mato Grosso do Sul), reforça a confiança no sistema sanitário local. “O sistema de defesa em MS segue com alto padrão de biosseguridade”, destaca, apontando o trabalho conjunto com a IAGRO e o Ministério da Agricultura (MAPA) como chave para manter o estado livre da doença.

O momento é de cautela, mas também de mobilização. O fortalecimento das práticas sanitárias e a comunicação transparente com os parceiros internacionais serão fundamentais para recuperar a confiança e reabrir o mercado chinês — passo crucial para garantir a estabilidade do setor e o sustento de milhares de produtores brasileiros.