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ONU denuncia recorde de bloqueios de Israel na Cisjordânia e alerta para prática de apartheid

Com 849 postos de controle, ocupação israelense afeta 3,3 milhões de palestinos, restringe acesso a saúde, educação e trabalho, e agrava crise humanitária.
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Janeiro de 2025: palestinos aguardam em longa fila de veículos após fechamento do posto de controle de Attara, em Ramallah, Cisjordânia — Reuters/Issam Rimawi/Proibida reprodução. Foto: Divulgação. Por: Editorial | 27/05/2025 16:25

Um estudo divulgado nesta terça-feira (27) pela Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que os bloqueios israelenses na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, atingiram o maior número em duas décadas. Segundo o relatório do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (Ocha), foram registrados 849 postos de controle nos dois primeiros meses de 2025, afetando diretamente cerca de 3,3 milhões de palestinos.

As barreiras restringem o acesso da população palestina a serviços essenciais, como educação, saúde e mercados de trabalho. O documento relata que, desde o início da guerra em Gaza, houve uma intensificação das restrições de mobilidade, com o aumento de portões rodoviários frequentemente fechados e postos de controle móveis.

Entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2025, o número de bloqueios cresceu 43%. Somente entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano, 36 novos postos foram instalados. A malha de restrições inclui agora 288 portões em rodovias, dos quais 60% permanecem fechados com frequência.

Além do impacto direto na vida cotidiana, a Ocha destaca episódios como o bloqueio em 4 de fevereiro de 2025, que impediu a circulação de mais de 60 mil palestinos na região do Vale do Jordão, afetando atividades econômicas e serviços essenciais. Professores de três vilarejos — Bardala, Kardalla e Al Malih — relataram atrasos de até duas horas para chegar às escolas, prejudicando mais de mil estudantes.

“Todos os dias, suportamos horas de espera, tratados mais como objetos do que como humanos, apenas para chegar às nossas salas de aula”, relatou um professor.

Relatos de profissionais de saúde também apontam que as esperas prolongadas nos postos de controle comprometem atendimentos de emergência e incluem episódios de agressão e intimidação por parte de soldados israelenses. Um paramédico afirmou ter sido retido por mais de uma hora enquanto transportava um paciente, tendo a ambulância danificada pelas forças israelenses.

A especialista Moara Crivelente, pesquisadora da Universidade de Coimbra e diretora do Cebrapaz, vê na situação uma continuidade da política de colonização israelense iniciada em 1967. Para ela, os bloqueios fazem parte de uma estratégia de “ambiente coercivo” que força os palestinos a abandonarem suas terras. A prática, segundo ela e diversos especialistas da ONU, configura um regime de apartheid.

Apesar das acusações, Israel nega qualquer prática de segregação e justifica os bloqueios como medidas de segurança para proteger seus cidadãos, incluindo os mais de 700 mil colonos que vivem em assentamentos considerados ilegais pelo direito internacional.

Em meio à escalada de tensão, o governo israelense tem ameaçado anexar oficialmente partes da Cisjordânia caso países europeus reconheçam o Estado palestino. Enquanto isso, protestos como a Marcha da Bandeira, promovida por extremistas israelenses em Jerusalém Oriental, acirram ainda mais os confrontos e dificultam a solução de dois Estados prevista desde os Acordos de Oslo, de 1993 — compromisso que, até hoje, segue descumprido.

A ONU, por sua vez, reforça o alerta: a expansão dos bloqueios representa uma grave violação dos direitos humanos e intensifica o sofrimento de milhões de civis sob ocupação. Com informações: Agência Brasil. 




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