Diante do aumento constante nos custos de produção de grãos e das variações climáticas cada vez mais imprevisíveis, os produtores rurais de Mato Grosso têm buscado saídas viáveis para manter a competitividade no campo. Entre as apostas que vêm ganhando espaço estão os cultivos especiais, como amendoim, gergelim, feijão, arroz e variedades de milho e plantas de cobertura. A promessa é de um mercado crescente, com menor risco e boa rentabilidade, tanto no Brasil quanto no exterior.
Essas culturas alternativas foram o foco da primeira edição do Proventus Field Day, realizada nos dias 16 e 17 de maio em Sorriso (MT). O evento contou com palestras técnicas e debates com renomados especialistas do setor, além de estações de campo para demonstrações práticas. A principal atenção ficou voltada ao gergelim e ao amendoim, considerados os mais promissores para a segunda safra na região.
Murilo Oliveira Sampaio, engenheiro agrônomo e pesquisador da LC Sementes, apresentou duas novas linhagens de gergelim desenvolvidas para atender diferentes nichos de mercado. “A LC 123 é voltada para o consumo direto, com sabor adocicado, e a LC 103, de sabor mais neutro, é ideal para a indústria e exportação, que exigem qualidade superior dos grãos”, explicou. Segundo Sampaio, o gergelim tem demonstrado maior rentabilidade em comparação ao milho, com menor custo de produção e uma crescente área plantada – que saltou de 60 mil para quase 130 mil hectares na região do Eixo da BR-163.
O amendoim também tem despertado o interesse dos produtores, conforme destacou o pesquisador Dácio Olibone, doutor em Fertilidade e Nutrição de Plantas. “Nos últimos seis anos, realizamos estudos que ajudam o produtor a tomar decisões mais assertivas, desde a escolha das cultivares até o manejo de doenças e adubação”, contou. No entanto, ele alerta que o principal gargalo ainda é a falta de uma indústria local consolidada para absorver a produção.
Leandro Lodea, um dos organizadores do evento, comemorou o sucesso da primeira edição do Field Day, que atraiu cerca de 700 pessoas. “Foi uma surpresa muito positiva, tanto pelo público quanto pela qualidade dos debates. Trouxemos mais opções para a segunda safra, além do milho e do algodão”, destacou. Lodea ressaltou que essas novas culturas exigem menos água e se encaixam bem no calendário agrícola, mas que o produtor precisa investir em tecnologia e informação para alcançar bons resultados.
Realizado pela Proventus Pesquisa Agronômica, LC Sementes e Adisa Melhoramento Genético, o evento contou com o apoio da Embrapa, IAC, CAT e IBRAFE, e deve se consolidar como referência em inovação para os cultivos especiais no Cerrado brasileiro. Com informações: Notícias Agricolas.