Morreu nesta quinta-feira (15), em Belo Horizonte, aos 97 anos, o físico e ex-ministro da Ciência e Tecnologia José Israel Vargas. Reconhecido nacional e internacionalmente por sua contribuição à ciência, Vargas foi um dos formuladores da política de energia nuclear brasileira nos anos 1960 e ocupou cargos de destaque em governos e instituições científicas.
Natural de Paracatu, no interior de Minas Gerais, Vargas foi professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e presidiu a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia Mundial de Ciências. Atuou como ministro da Ciência e Tecnologia nas gestões de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, com importantes avanços na estrutura científica do país, como a expansão da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o fortalecimento do sistema de propriedade intelectual.
“Nosso país perde hoje José Israel Vargas. [...] Vargas sempre defendeu a produção e a aplicação do conhecimento científico no Brasil e denunciou corajosamente o obscurantismo que enfrentamos no passado recente”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em nota oficial.
Formado em química pela UFMG e doutor em ciências nucleares pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, Vargas foi também assessor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Durante a ditadura militar, seu laboratório foi invadido pelo Exército, e ele acabou sendo afastado de suas funções, exilando-se na França, onde atuou como pesquisador por quase sete anos.
Vargas também ocupou cargos de destaque em organismos internacionais, como a Unesco, onde foi embaixador do Brasil e presidente do Conselho Executivo. Além disso, participou de projetos para o desenvolvimento de linguagens de tradução automática entre computadores e promoveu a cooperação científica internacional.
A presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, destacou sua atuação: “José Israel Vargas foi um visionário incansável, um defensor da ciência [...] Seu legado seguirá inspirando gerações a acreditar no poder transformador da ciência para o desenvolvimento do Brasil.”
O corpo do ex-ministro será velado nesta sexta-feira (16), das 9h às 12h30, no saguão da Reitoria da UFMG, no campus Pampulha, em Belo Horizonte. Com informações: Agência Brasil.