O som insistente do telefone tocando sem resposta tornou-se rotina frustrante para quem tenta marcar consultas médicas ou acessar serviços essenciais. Em plena era da hiperconectividade, a substituição das chamadas telefônicas pelo WhatsApp parece inevitável, mas está longe de ser eficiente. Pacientes relatam o desafio de lidar com robôs, menus automatizados e a ausência de atendimento humano, mesmo em situações que exigem agilidade e clareza.
Kamila Monteiro, de 30 anos, tentou agendar uma consulta dermatológica ligando para 12 clínicas de sua operadora de saúde — nenhuma atendeu. “Só consegui retorno pelo WhatsApp, e ainda assim com robô. Tive que digitar todos os dados até falar com alguém de verdade”, contou.
O caso de Kamila não é isolado. Izabela Rufino, mãe de uma menina de 6 anos, relata que já desistiu de marcar consultas após enfrentar o mesmo problema. “Você liga, ninguém atende. Vai pro Instagram da clínica, procura o WhatsApp, e cai em outro robô. Em vários momentos, cansei e deixei pra lá”, desabafa.
Enquanto pacientes enfrentam silêncio nas linhas fixas, seus celulares tocam o dia inteiro — não com respostas úteis, mas com ligações de call centers automatizados, operadoras e pesquisas de satisfação. A sobrecarga de contatos irrelevantes aumenta a resistência a chamadas reais, dificultando ainda mais o atendimento eficaz.
O abandono das ligações em nome da praticidade pode parecer moderno, mas esconde riscos: na área da saúde, tempo e clareza são cruciais. “Às vezes, uma ligação resolveria em segundos o que no WhatsApp vira um processo demorado e impessoal”, diz Izabela.
Em meio a mensagens, bots e toques ignorados, o contato humano vai sendo empurrado para as margens — e a eficiência, junto com ele. Com informações Campograndenews