Papa Leão XIV: A relação estreita com Francisco e os princípios compartilhados

O conselho foi dado pelo Papa Francisco ao cardeal Robert Prevost, eleito Papa Leão XIV, durante uma das reuniões semanais que ambos mantinham aos sábados de manhã nos últimos dois anos.

Foram grandes aliados e compartilhavam princípios, como a ideia de um clero mais próximo ao povo e uma Igreja voltada para os pobres.

Essa convivência se intensificou ainda mais após Francisco nomeá-lo prefeito do Dicastério para os Bispos, uma espécie de responsável pela seleção dos monsenhores ao redor do mundo. Nessa função, prevaleceu a visão de Prevost de que um bispo deve ser, antes de tudo, um pastor, e não um príncipe sentado em um trono.

Na última entrevista de Prevost, como cardeal, ao site Vatican News, logo após a morte do pontífice, ele compartilhou detalhes sobre o relacionamento próximo com Francisco, que teve início em Buenos Aires, quando Jorge Bergoglio era o arcebispo e Prevost, prior geral da Ordem de Santo Agostinho.

“Sempre tive a impressão de um homem que queria viver o Evangelho de forma autêntica e coerente”, contou Prevost.
Quando o Papa foi eleito, em março de 2013, Prevost estava em Roma e o reencontrou na primeira missa celebrada por ele, na paróquia de Santa Ana.

Ele achou que o pontífice não o reconheceria, mas se enganou. Francisco abriu um sorriso e aceitou, imediatamente, o convite para presidir a missa de abertura do Capítulo Geral, em agosto, na Basílica de Santo Agostinho, em Campo Marzio, Roma.

No ano seguinte, o Papa designou-o como administrador apostólico da diocese de Chiclayo, no Peru. Em 2015, foi nomeado bispo e, dois anos depois, cardeal.

Com vasta experiência no Peru, onde morou por 20 anos, Prevost também presidiu a Pontifícia Comissão para a América Latina.

Ao Vatican News, ele falou sobre o quanto aprendeu com Francisco, a quem descreveu como coerente, autêntico e próximo dos que sofrem.

Ele se lembrou da primeira viagem do Papa à ilha de Lampedusa, onde mostrou grande proximidade com os imigrantes, e da carta escrita, em fevereiro passado, aos bispos americanos, no contexto da crise gerada pelas deportações em massa de imigrantes ilegais dos EUA, determinadas pelo recém-empossado presidente Donald Trump.

Na mensagem, Francisco enfatizava a importância de “estar perto daqueles que sofrem”. Prevost também relatou ter estado ao lado do Papa no enfrentamento contra os conservadores que o rejeitavam.

Nos encontros semanais em Roma, programados para as 8h, o Papa sempre chegava primeiro, já informado sobre os assuntos que iriam discutir. Mesmo quando Prevost se antecipava em meia hora, encontrava Francisco pronto para a reunião.

“Até o fim, ele quis dar tudo ao seu ministério, ao trabalho, ao serviço na Igreja”, afirmou Prevost.

A consonância de princípios entre Leão XIV e seu antecessor é clara, embora o novo Papa pareça ser mais discreto e menos brincalhão. Com informações G1