As exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos dispararam 498% em abril de 2025, em comparação ao mesmo mês do ano anterior. O volume saltou de 8 mil toneladas em abril de 2024 para aproximadamente 48 mil toneladas este ano, conforme revelou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa.
O crescimento expressivo surpreendeu o setor e ocorre mesmo após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar aumento nas tarifas de importação. Atualmente, a carne bovina brasileira paga uma taxa de 36,4% para entrar no país, resultado da elevação de 10 pontos percentuais sobre a tarifa anterior de 26,4%.
Apesar da alta nas tarifas, fatores internos nos Estados Unidos favoreceram o aumento das compras do Brasil:
O rebanho bovino americano está no menor nível dos últimos 80 anos;
A demanda interna por carne segue elevada, especialmente por hambúrgueres, parte da cultura alimentar local;
A carne brasileira continua mais barata que a americana, mesmo com a nova taxação.
De janeiro a abril, os EUA importaram 135,8 mil toneladas de carne bovina brasileira, volume quase cinco vezes maior que no mesmo período de 2024.
Tradicionalmente, o Brasil se beneficia de uma cota de 65 mil toneladas com tarifa zero para exportar carne aos EUA, dividida com outros dez países. Contudo, a nova sobretaxa imposta por Trump passou a incluir também essa cota, que agora é tarifada em 10%. Segundo Perosa, o Brasil é o principal beneficiário dessa cota, já que os demais países não conseguem utilizá-la plenamente.
Mesmo com os custos extras, o Brasil permanece competitivo. “Nos Estados Unidos, uma arroba de boi chega a custar entre US$ 115 e US$ 120, enquanto no Brasil está em torno de US$ 54 a US$ 55”, aponta Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado. Para ele, esse diferencial sustenta a atratividade da carne brasileira.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, a Austrália é o principal fornecedor de carne bovina ao mercado americano, seguida por Canadá, México e Brasil. No entanto, Perosa explica que os produtos brasileiros e australianos atendem a nichos diferentes: enquanto a Austrália foca no varejo, o Brasil abastece a indústria de carne processada.
A expectativa é que as exportações brasileiras continuem crescendo, apesar das barreiras comerciais, devido ao bom posicionamento do país no mercado e à demanda constante nos EUA. Com informações G1