O valor médio dos rendimentos recebidos por meio de programas sociais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) cresceu 72,7% entre 2019 e 2024, atingindo a média de R$ 836 — o maior valor registrado desde 2012. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (8) pelo IBGE.
A pesquisa monitora regularmente os rendimentos dos brasileiros, incluindo salários, aposentadorias, pensões, programas sociais, aluguéis e outras fontes. A partir deste ano, os rendimentos provenientes de programas sociais passaram a ser informados separadamente, e não mais agrupados na categoria "outros".
Segundo o levantamento, os programas sociais garantem renda a 20,1 milhões de brasileiros, o equivalente a 9,2% da população. Esse percentual é maior do que os 6,3% registrados em 2019 e os 8,6% de 2023.
Em relação aos valores, o benefício médio passou de R$ 484 em 2019 para R$ 836 em 2024, um aumento de 72,7%. Na comparação com 2023, quando o valor era de R$ 818, o crescimento foi de 2,2%.
O rendimento mensal real domiciliar per capita — que considera a renda total do domicílio dividida entre todos os moradores — foi de R$ 2.020 em 2024. A maior parte desse valor (74,9%) vem do trabalho, enquanto os programas sociais representam, em média, 3,8% da renda familiar.
Norte e Nordeste têm maior dependência de programas sociais
As regiões Norte e Nordeste concentram a maior participação dos programas sociais na renda domiciliar, com 8,2% e 9,4%, respectivamente — bem acima da média nacional. Nestas regiões, o Bolsa Família representa cerca de um terço da renda oriunda de programas sociais: 32,7% no Norte e 34,6% no Nordeste.
Essas duas regiões também registram os menores rendimentos do país entre os 40% da população com menor renda: R$ 408 no Nordeste e R$ 444 no Norte. No outro extremo, o Sul lidera com R$ 891, seguido do Sudeste (R$ 765) e Centro-Oeste (R$ 757).
O Sul também foi destaque pelo aumento no valor médio dos programas sociais, que chegou a R$ 939 em 2024 — o maior entre as regiões. Segundo o IBGE, esse crescimento pode estar relacionado à criação de benefícios emergenciais em resposta às enchentes registradas na região, tanto por parte do governo federal quanto estadual.
Diferença de renda entre beneficiários e não beneficiários
A pesquisa também mostrou que a desigualdade entre quem recebe e quem não recebe programas sociais ainda é grande. Entre os beneficiários do Bolsa Família, o rendimento médio mensal per capita é de R$ 717, contra R$ 2.424 entre os que não participam do programa.
Apesar disso, houve melhora expressiva nos últimos cinco anos. Entre os beneficiários, o rendimento cresceu 53,9% desde 2019 (quando era R$ 466). Já entre os não beneficiários, o aumento foi de 13,3% no mesmo período.
Esse avanço é atribuído ao reajuste dos benefícios, principalmente em 2022 e 2023, e à melhora no mercado de trabalho para as camadas de renda mais baixa.
O analista do IBGE, Gustavo Fontes, destaca que o Bolsa Família continua cumprindo seu papel social. “O rendimento médio per capita dos domicílios que recebem o Bolsa Família é inferior a 30% do registrado entre os que não recebem. Isso mostra que o programa é direcionado a quem mais precisa”, afirmou. Com informações Agência Brasil