A cantora e compositora Nana Caymmi faleceu nesta quinta-feira (1º/5), às 19h10, aos 84 anos, após nove meses de internação na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro. A morte, confirmada pelo irmão Danilo Caymmi e pela clínica, ocorreu devido a uma "disfunção de múltiplos órgãos". A artista tratava de arritmia cardíaca e estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da instituição. Nana havia comemorado seu aniversário no dia 29/4.
Internada desde agosto do ano passado, Nana enfrentou a internação mais longa de três períodos desde 2024, passando por procedimentos como cateterismo, traqueostomia para auxiliar na respiração e a implantação de um marca-passo. Na última terça-feira, dia de seu aniversário, Danilo revelou que a irmã sofreu uma overdose de opioides no hospital, com a obesidade e uma infecção óssea contribuindo para o quadro delicado. No entanto, até o último dia de vida, Nana estava "lúcida".
Carreira e legado
Nana Caymmi nasceu em 1941 no Rio de Janeiro, filha dos cantores Dorival Caymmi e Stella Maris. Sua carreira começou em 1960, quando participou de uma gravação de seu pai, dando voz à famosa canção "boi, boi, boi da cara preta". No mesmo ano, lançou seu primeiro compacto e assinou contrato com a TV Tupi, onde passou a se apresentar nos programas "Sucessos Musicais" e "A Canção de Nana".
Em 1961, casou-se com o médico Gilberto José Aponte Paoli, mudando-se para a Venezuela, onde teve as filhas Stella Teresa e Denise Maria. Em 1963, retornou ao Brasil e lançou seu primeiro LP, "Nana", enquanto estava grávida de João Gilberto. Em 1973, revelou que a gravação do primeiro álbum a fez perceber que não poderia viver longe da música, o que contribuiu para o fim do casamento.
Na década de 1970, Nana se firmou como um dos principais nomes da MPB. Em 1975, lançou o álbum "Nana Caymmi" e trabalhou com renomados músicos brasileiros, como Milton Nascimento e João Donato. Nos anos 1990, se aventurou pelo bolero e recebeu o primeiro disco de ouro da carreira, pela venda de cem mil cópias de "Resposta ao Tempo". Ela também se destacou em trilhas sonoras de novelas, como "Hilda Furacão" (1998) e "Caminho das Índias" (2010).
Em 2016, enfrentou uma cirurgia de remoção de um tumor cancerígeno no estômago e, em 2019 e 2021, foi indicada aos prêmios de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira e Álbum do Ano no Grammy Latino.
Em 2019, quando sofreu críticas na internet por suas declarações simpáticas ao governo de Jair Bolsonaro, Nana falou sobre sentir-se "aposentada" do cenário musical brasileiro. Ela afirmou: "Estou defasada, o canto não é mais uma coisa que se queira ouvir, os meus fãs estão velhos." A cantora lamentou a queda das gravadoras e o fracasso de seus discos, expressando que "não foi ela que se aposentou, mas sim foi aposentada". Com informações Correio Braziliense.