A febre das apostas esportivas — popularmente conhecidas como “Bets” — está deixando de ser apenas uma tendência de entretenimento e se tornando um grave problema de saúde pública no Brasil. O Sistema Único de Saúde (SUS) já registrou mais de 1.300 atendimentos de pessoas que desenvolveram dependência dos jogos pagos.
O Ministério da Saúde alerta que qualquer cidadão pode buscar tratamento gratuito nas unidades básicas de saúde para lidar com o chamado “jogo patológico”, que já preocupa especialistas. Um dado revelador: 57% dos atendimentos registrados no SUS são de mulheres, contrariando a ideia de que o vício atinge majoritariamente os homens.
A psicóloga Bruna Muniz explica que a obsessão com apostas, o estresse constante e a tentativa de recuperar perdas financeiras são sinais típicos de dependência. “Quando uma pessoa não consegue parar de apostar, mesmo ciente dos prejuízos, é um indicativo claro de vício. Apostar valores mais altos para tentar recuperar o que foi perdido é um comportamento comum e muito perigoso”, alerta.
Segundo ela, além do impacto financeiro imediato, há um aumento significativo da ansiedade e do estresse, que prejudicam a saúde mental e os vínculos sociais. “As relações familiares e de amizade muitas vezes se deterioram, e o apostador pode acabar se isolando por vergonha, culpa ou conflitos gerados pelo vício”, destaca.
Esse cenário se agrava com a forte presença de publicidade de casas de apostas, muitas delas patrocinadoras de clubes esportivos e influenciadores digitais. A linguagem sedutora e a promessa de lucros fáceis acabam atraindo jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade, o que contribui para a expansão do vício.
A psicóloga ressalta que o primeiro passo para o tratamento é o reconhecimento do problema. “É impossível ajudar alguém que não aceita estar em situação de dependência. A psicoterapia — individual, em grupo ou ambas — é o caminho ideal. O acompanhamento psiquiátrico também pode ser necessário, especialmente para tratar comorbidades como depressão e ansiedade. Além disso, orientação financeira pode ser crucial para reestruturar a vida prática da pessoa”, conclui.
Com a regulamentação das apostas esportivas em andamento no Brasil, especialistas defendem políticas públicas de prevenção, campanhas educativas e maior controle sobre a publicidade do setor, para reduzir os riscos e proteger a população, especialmente os mais jovens. Com informações O DIA.